Manaus (AM) – A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), participou da Oficina de Elaboração da Estratégia Nacional para o Enfrentamento da Hanseníase (2022-2030), evento promovido pelo Ministério da Saúde, no período de 17 a 19/8, em Brasília.
Durante a oficina, a Semsa foi representada pela chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase, enfermeira Ingrid Simone Alves dos Santos, que compartilhou as experiências exitosas executadas pela Prefeitura de Manaus no enfrentamento à doença.
“Representantes dos municípios e estados brasileiros participaram da oficina, divididos em grupos de trabalho, para discutir as estratégias de combate à hanseníase que deverão ser executadas até 2030. É um processo que ainda terá continuidade com encontros virtuais com os envolvidos”, explicou Ingrid.
Segundo a enfermeira, o município de Manaus vem obtendo excelentes resultados com ações no controle da hanseníase e que incluem o estabelecimento de fluxos para o acolhimento ao usuário, identificação de casos suspeitos, consultas dermatológicas, exame do raspado intradérmico em hanseníase, anteriormente conhecido como baciloscopiade linfa, atendimentos fisioterapêuticos dos usuários diagnosticados e atendimentos especializados, conforme a necessidade individual.
Entre as estratégias adotadas pela Semsa para a continuidade do cuidado ao paciente, a enfermeira destaca ainda as capacitações em serviço para os profissionais; reforço no quadro de recursos humanos no âmbito dos Distritos de Saúde (Disas) para a busca ativa dos contatos sociais e familiares dos pacientes diagnosticados; disponibilização de logística para atendimento médico e de enfermagem no domicílio de pacientes em vulnerabilidade social; telemonitoramento; implementação da oferta do exame de pele aos usuários que acessam os serviços de saúde, o que resultou no aumento da detecção de casos; elaboração e implantação do projeto Autoexame Virtual para 150.000 escolares do Programa Saúde na Escola (PSE).
Ingrid Santos afirma que essas estratégias contribuíram para a superação da meta de 90% de cura dos pacientes, preconizada pelo Ministério da Saúde, que no ano de 2019 chegou a 95,65%, 2020 em 94,59% e 2021 em 93,33%. Além disso, a taxa de abandono de tratamento tem sido mantida abaixo do índice preconizado (10%): em 2019 ficou em 1,74%, em 2020 chegou a 3,60% e em 2021 foi 2,2%.
“Mesmo diante do cenário da Covid -19, as equipes intensificaram as buscas e atendimentos domiciliares, por meio da disponibilização e administração supervisionada da medicação, garantindo a assiduidade no tratamento e a cura”, afirma Ingrid.
Casos
Entre as ações de enfrentamento, a ampliação da oferta do exame de pele nos últimos três anos resultou na detecção de casos. Em 2019, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan-Net), o município de Manaus detectou 122 casos de hanseníase, sendo oito em menores de 15 anos. Em 2020, foram detectados 72 casos, com dois em menores de 15 anos. No ano de 2021, houve 113 registros, sendo sete em menores de 15 anos. De janeiro a 22 de agosto deste ano, foram identificados 74 casos novos de hanseníase, incluindo oito em menores de 15 anos.
“A identificação e diagnóstico clínico e laboratorial dos casos ocorre mediante a escuta qualificada do histórico familiar de casos da doença e do exame dermatoneurológico (pele e nervos). É importante que a população compareça às unidades de saúde e solicite o exame de pele para o diagnóstico da doença. Em caso de outras doenças dermatológicas, o paciente será agendado na rotina para o atendimento no momento da avaliação. Os profissionais da rede municipal de saúde estão habilitados para acolher, diagnosticar e realizar o acompanhamento durante o tratamento”, garante Ingrid.
O monitoramento dos pacientes diagnosticados e seus contatos familiares é realizado pela Semsa, independente da instituição de saúde na qual é realizado o tratamento, como as Fundações Alfredo da Matta e a Fundação de Medicina Tropical, por meio da gestão do cuidado e continuidade da assistência aos pacientes e seus contatos.
“No entanto, apesar das estratégias adotadas, ainda são diagnosticados casos da doença com sequelas físicas avançadas. Como a mancha não dói, não coça e nem sempre incomoda, o usuário não procura o serviço precocemente e o diagnóstico é tardio. A falta de conhecimento sobre a doença e o estigma no ambiente social e familiar do paciente, causa constrangimento para a busca no serviço de saúde sobre informações, exames e consultas”, relata a enfermeira.
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae) com diagnóstico essencialmente clínico e epidemiológico. A transmissão ocorre por contato familiar e/ou social íntimo e prolongado com pessoa doente que está eliminando o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros. A hanseníase tem cura e o tratamento dura de seis meses até 24 meses, as medicações são distribuídas de forma gratuita e disponibilizadas para o paciente na unidade de acompanhamento. Após a primeira dose da medicação, o paciente deixa de transmitir a doença.
A contaminação da doença surge entre 2 a 7 anos e na fase inicial as lesões causam diminuição ou ausência de sensibilidade ou lesões dormentes em decorrência do acometimento dos ramos periféricos cutâneos, edema de mãos e pés, febre, dor na articulação, entupimento e ressecamento do nariz, ressecamento dos olhos, nódulos dolorosos, mal-estar geral, dor e/ou espessamento dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e nos pés, e a diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados, especialmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores. Desta forma, é importante a realização do exame de pele dos contatos do paciente registrados no Sinan-Net, que serão acompanhados por um período de aproximadamente cinco anos.
*Com informações da assessoria
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