POLÍTICA-A Venezuela está em meio a uma grave crise política e social após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter declarado Nicolás Maduro reeleito no último domingo (28). A oposição, representada principalmente por Edmundo González e María Corina Machado, denuncia fraude no processo eleitoral, gerando uma série de reações internacionais e interna.
Nota conjunta de Brasil, México e Colômbia
Na noite desta quinta-feira (1º), os governos de Brasil, México e Colômbia emitiram uma nota conjunta solicitando a divulgação das atas eleitorais da recente eleição na Venezuela. A nota enfatiza a importância de uma apuração imparcial dos resultados e pede que o impasse seja resolvido pelas “vias institucionais”, respeitando a soberania popular. A iniciativa desses países surge em um contexto de crescente tensão e incerteza sobre a legitimidade dos resultados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com o ministro Mauro Vieira e o assessor Celso Amorim, discutiu a crise com os presidentes Manuel López Obrador, do México, e Gustavo Petro, da Colômbia. A nota conjunta também expressa a preocupação com a manutenção da paz social e a proteção das vidas humanas, recomendando cautela nas manifestações para evitar violência.
Reação dos Estados Unidos
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, declarou que, com base nas evidências coletadas, Edmundo González foi o verdadeiro vencedor das eleições venezuelanas. Blinken criticou a falta de transparência do CNE e solicitou uma recontagem dos votos com a presença de observadores internacionais. A posição dos EUA reflete um crescente desconforto com a situação na Venezuela e o desejo de garantir um processo eleitoral justo.
Acusações e reações internas
O governo venezuelano, liderado por Nicolás Maduro, rejeitou as críticas internacionais e acusou os Estados Unidos de promover uma tentativa de golpe. O chanceler Yvan Gil acusou Washington de conduzir uma agenda violenta contra a Venezuela, alegando que a posição dos EUA é uma tentativa de desestabilizar o país.
Maduro também respondeu à pressão interna e internacional com uma postura firme. Em um comunicado, ele afirmou ter prendido mais de 1.200 pessoas em resposta aos protestos contra o resultado eleitoral e prometeu capturar mais indivíduos envolvidos nas manifestações. As autoridades venezuelanas relataram pelo menos 12 mortes associadas aos protestos.
Processo de auditoria e dúvidas sobre a impacialidade
A Suprema Corte da Venezuela convocou todos os candidatos presidenciais para participar de uma auditoria dos votos, que começou nesta sexta-feira (2). No entanto, há preocupações sobre a imparcialidade desse processo, já que a Suprema Corte e o CNE são amplamente vistos como aliados de Maduro.
Além disso, o CNE ainda não divulgou as atas eleitorais, alegando problemas técnicos e ataques hackers. A oposição, por sua vez, disponibilizou cerca de 80% das atas em um site, que indicariam uma vitória significativa de González.
Reações da Comunidade Internacional
A crise na Venezuela atraiu a atenção de várias organizações internacionais. A Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou que não reconhece o resultado das eleições e relatou possíveis irregularidades e distorções. Observadores do Carter Center também criticaram oprocesso eleitoral, alegando que não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerado democrático.
Enquanto isso, a comunidade internacional continua a pressionar por maior transparência e por uma resolução pacífica do impasse. Países e organizações estão monitorando de perto a situação e oferecendo apoio para um diálogo construtivo entre o governo e a oposição.
Conclusão
A crise eleitoral na Venezuela permanece sem uma solução clara, com a legitimidade dos resultados em disputa e um clima de alta tensão no país. O futuro político da Venezuela depende da capacidade das partes envolvidas em encontrar uma solução que respeite a vontade popular e restaure a confiança no processo democrático. A comunidade internacional continua a acompanhar e a se envolver na busca por uma resolução justa e pacífica.