Um dia antes do encontro com prefeitos e garimpeiros amanhã em Brasília, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) subiu á tribuna para cobrar não só punição, mas soluções para o drama social enfrentado pelos balseiros alvos da operação de organismos que coibiram a garimpagem clandestina no Rio Madeira. Plínio cobrou um olhar mais humano para os garimpeiros, políticas públicas para gerar renda e lembrou que os grandes empresários donos das balsas pouco sofrerão com a queima destas, mas os trabalhadores lá colocados, que ficaram sem moradia e a renda, precisam de algum socorro.
_ Embutido nessa cena dantesca que agride o meio ambiente, há também o lado social muito mais do que o lado econômico. As balsas que foram queimadas são balsas de pessoas ricas que exploram mesmo o nosso caboclo, o nosso ribeirinho que ficou à míngua. Então, eu estou cobrando aqui para acabar com essa hipocrisia: chega de dizer o que nós não podemos fazer, tem que nos dizer o que podemos. Qual a opção que se dá _ não ao dono da balsa, não àquele que contrata os garimpeiros, que faz do ribeirinho, que transforma o pequeno agricultor em garimpeiro –, o que se oferece para essa gente? O que se oferece para esses nossos irmãos que não têm renda para comprar o sal, para comprar o açúcar e para comprar o óleo? Nada! Só se proíbe _ protestou Plínio.
Plínio voltou a defender a regulamentação da atividade mineradora , de acordo com os mapas geológicos que mostram onde pode ser exercida a atividade legal, para evitar cenas “dantescas” como as que foram registradas no Rio Madeira na última semana.
_ Aqueles que condenam a garimpagem predatória e clandestina, hão que nos apontar as soluções também. Não vou, nunca, defender a clandestinidade e a ilegalidade, mas vou defender, acima de tudo, que se explore o que pode ser explorado, que se permita o que pode ser permitido, que se proíba o que deve ser proibido. Fora disso, é cretinice, fora disso, é hipocrisia. De dizerem o que nós não podemos fazer estamos cansados. A gente quer que nos digam o que devemos fazer: políticas públicas para gerar renda, para gerar trabalho para essa gente. As cenas, as fotos e os vídeos que os senhores viram da garimpagem no Rio Madeira nos obrigam a tomar posição aqui da tribuna do Senado _ discursou Plínio Valério.
Ele observou que as cenas que chocaram o Mundo só podem ser compreendidas dentro do atual quadro de exploração das riquezas minerais brasileiras, particularmente na Amazônia, onde se proíbe tudo. Plínio disse que a atual forma de explorar que devasta e que choca só é possível porque não há regras, não há lei, não há permissão para se permitir onde se pode explorar e proibir onde deve ser proibido. O senador defendeu que , sem lei, sem regulamentação, quanto mais bagunçado, melhor para quem explora, porque há sempre a ousadia de quem financia , já que uma balsa daquela custa R$2 milhões, R$3 milhões para quem pode bancar esse custo.
_ Eu não estou aqui defendendo o garimpo predatório. Eu estou dizendo que há um mapa geológico na Amazônia listando e mostrando onde se pode explorar riquezas minerais e pode, sim, e deve, sim, porque, se você organiza, você pode coibir, você pode proibir e você pode punir. E o que temos hoje de ambos os lados? Daqueles que exploram o meio ambiente e o degradam e daqueles que vão lá proibir e vão lá tocar fogo no bem dessa gente? Não se defendem garimpeiros que depredam, mas se defende a legalização do que pode ser legalizado. O que não se pode admitir é que os nossos recursos naturais permaneçam artificialmente intocáveis, pois, na verdade, significa que se pode tocar em tudo _ completou.
Com informações da assessoria de imprensa