Com dados de levantamentos feitos por técnicos do Serviço Geológico do Brasil ( SGB) e da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) mostrando a enorme capacidade de produção de fertilizantes com a exploração de potássio existente no Amazonas, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) cobrou da tribuna do Senado o enfrentamento dos entraves colocados pelo Ministério Público e agilidade para aprovação de lei regulamentando a extração do mineral no estado. A maior concentração de potássio está na região de Autazes, no Amazonas, com capacidade de produção de 2,4 toneladas de cloreto de potássio, o que corresponderia a 25% da demanda nacional.
Plínio lembrou que a guerra entre Rússia e Ucrânia, aliada às sanções internacionais, criou um grave problema para a agroindústria brasileira e a segurança alimentar no Mundo inteiro, podendo resultar no aumento de preços e retirada do alimento da mesa não só no Brasil.
O Plano Nacional de Fertilizantes, comandado pela Secretaria Nacional de Assuntos Estratégicos mostra que em breve o Brasil poderá sair dessa dependência de insumos de outros países. Mas Plínio ressalta que é preciso investimento em pesquisas, acabar com a hipocrisia de ambientalistas e com os entraves impostos pelo MP, já que a maioria das jazidas de potássio se encontra fora de terras indígenas
“É necessário facilitar o licenciamento ambiental de áreas identificadas e desmistificar a atividade, principalmente na Amazônia. É lá que fica, por exemplo, a mina de Autazes, sob responsabilidade da empresa Potássio do Brasil, que está parada por uma questão judicial. Já foram investidos mais de US$ 190 milhões na descoberta e no desenvolvimento do projeto e a previsão é que outros US$ 2 bilhões serão investidos até o fim da construção”, reclamando dos entraves colocados pelo Ministério Público para que o projeto seja concluído.
No discurso que gerou um debate com a participação de vários senadores preocupados com os riscos provocados pela guerra á produção de alimentos, Plínio lembrou que , mais uma vez, a solução definitiva desse problema deverá vir da Região Norte do País, como ocorreu no passado com a borracha, e hoje acontece em outros setores, como os fármacos, a pesca e tantos outros, entre eles a produção interna de fertilizantes.
Segundo os dados oficiais, o Brasil importa 97% do potássio, que vem da Rússia, dos montes Urais, ou do Canadá. Estudo da CPRM revela que o potencial de produção de potássio da bacia do Amazonas é muito semelhante ao volume hoje importando pelo Brasil desses países.
Os técnicos garantem que a dependência do Brasil da importação de fosfato e de potássio, hoje em 72% e 97%, pode recuar para 24,5% e 48% até 2050, com a possibilidade de o Brasil exportar fertilizantes à base de potássio a partir de 2045.
“É nessas bacias, como na do Amazonas, que o SGB identificou o caminho para que o país amplie a produção de fertilizantes potássicos, com potencial semelhante aos dos Montes Urais, na Rússia, e também em Belarus e no Canadá. Para o potássio, a projeção é que a oferta poderia sair de 293 mil para 14,3 milhões de toneladas até 2050”, explicou Plínio.