Cientistas britânicos demonstraram, em estudo recente, sintoma pós-covid-19 parecido com os da frieira que afeta os dedos das mãos e dos pés. Coloquialmente chamado de “dedos de covid”, a médica Denise Miyamoto, do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), explica ao Jornal da USP no Ar 1° Edição que se trata de lesão causada pelo próprio sistema imunológico do individuo e que foram registrados mais casos durante a primeira onda da pandemia.
“O que as evidências atuais sugerem é que seja uma resposta da imunidade de cada individuo ao vírus e talvez não seja uma manifestação causada pela infecção direta do vírus, tanto que ela aparece tardiamente, em cerca de duas a três semanas depois que a pessoa desenvolveu algum sintoma que sugira covid-19”, explica Denise. Ela destaca que ainda são necessários mais estudos para entender os efeitos que o coronavírus causa em cada indivíduo e que a condição da covid-19 pode ter manifestações cutâneas variáveis.
Pacientes jovens e saudáveis manifestam mais essas lesões e isso pode significar melhor evolução da covid-19. “Isso parece se relacionar com uma resposta imune eficaz no sentido de combater a multiplicação viral e essa inflamação leva à agressão dos vasos das extremidades e ao surgimento mais tardio dessas lesões”, comenta. Dentre os sintomas dos dedos de covid, ardor local, coceira, piora durante exposição ao frio, pequenas feridas, entre outros. “Também existem relatos de pessoas que não apresentam sintomas”, reforça.
De acordo com Denise, a condição cutânea não é rara e afetou aproximadamente 38% das pessoas com covid-19. “Muitos pacientes eram assintomáticos e não tinham feito nenhum teste, mas alguns indícios sugerem uma correlação entre a infecção pelo vírus e o surgimento das lesões dos dedos de covid”, comenta. Os tratamentos para a condição podem variar de acordo com a gravidade, já que na maioria dos casos houve recuperação espontânea. “É feito mais uma acompanhamento clínico”, destaca.