MANAUS- Como o objetivo de implantar a profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP) na rede municipal de saúde, a Prefeitura de Manaus iniciou a capacitação de profissionais que atuam em quatro Unidades de Saúde: Ajuricaba (zona Oeste), Carmen Nicolau (zona Norte), Fábio do Couto Valle (zona Leste) e Doutor Luiz Montenegro (zona Sul).
A capacitação está sendo coordenada pela gerência de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (Gevep/Semsa) e pretende atingir 110 profissionais, entre médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais e equipe de atendimento da recepção das unidades de saúde, divididos em quatro turmas.
A técnica responsável pelas ações de controle do HIV/Aids da gerência de Vigilância Epidemiológica, enfermeira Rita de Cássia Castro de Jesus, explicou que os profissionais selecionados para participar do curso já atuam em unidades de saúde que oferecem a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP).
“A implantação da PEP é uma forma de ampliar as ações de controle e prevenção ao HIV que a Prefeitura de Manaus já oferece para a população. As quatro unidades de saúde possuem uma estrutura específica de atendimento e a capacitação vai ajudar na construção de um fluxo interno para o atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A previsão para iniciar a oferta do serviço na rede municipal é no mês de julho”, informou Rita de Cássia.
A PEP é uma medida de prevenção de urgência e consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV, devendo ser utilizada quando ocorre uma situação em que exista risco de infecção.
Segundo Rita de Cássia, a recomendação para a PEP ocorre em três situações: PEP Ocupacional, quando ocorre acidente envolvendo instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico de risco envolvendo profissionais de saúde; PEP em caso de violência sexual; e a PEP a partir de relação sexual desprotegida (sem uso de preservativo ou quando há rompimento do preservativo).
“Com a capacitação dos profissionais da Semsa, as quatro unidades básicas de saúde irão oferecer a PEP especificamente nos casos em que há a relação sexual desprotegida, seguindo critérios de atendimento. No caso da PEP por violência sexual ou PEP ocupacional, já existe um fluxo de atendimento em outros serviços de saúde”, destacou Rita de Cássia.
A PEP deve ser iniciada com os medicamentos antirretrovirais em, no máximo, 72 horas após a exposição ao risco. O tratamento consiste em dois medicamentos que devem ser tomados diariamente por 28 dias. Após esse período, o acompanhamento na unidade de saúde continuará por mais seis meses até concluir se houve ou não a infecção.
“Se houver a infecção, o paciente segue o acompanhamento nos Serviços de Atenção Especializada ou nas unidades de saúde que realizam o manejo no tratamento do HIV. Não havendo infecção, o usuário é orientado sobre as diversas formas de prevenção combinada”, informou a enfermeira.
Capacitação
O processo de capacitação teve início na segunda-feira (22), e será finalizado no dia 30 de maio. Na tarde desta terça-feira, 23, houve a capacitação de 33 profissionais em uma segunda turma, no Complexo de Saúde Oeste.
Um dos palestrantes foi o médico infectologista Bruno Araújo Jardim, que explicou que a capacitação aborda o conceito de PEP, avaliação inicial do paciente, critérios para recomendar a PEP, acolhimento, exames necessários, medicamentos utilizados, efeitos colaterais, interação medicamentosa e as orientações necessárias para os usuários.
“O objetivo é fazer com que as equipes fiquem mais preparadas para a oferta da Profilaxia Pós-Exposição ao HIV. Desde que haja uma boa adesão do usuário aos medicamentos, com uso correto e seguindo a orientação da equipe de saúde, a PEP tem praticamente 100% de efetividade na prevenção ao HIV”, afirmou o médico.
A farmacêutica Patrícia Ana da Silva, que trabalha na UBS Ajuricaba, participou da capacitação e afirmou que o novo serviço vai garantir melhoria para a assistência ao usuário do SUS.
“A PEP é mais uma forma para a prevenção ao HIV. É importante porque o SUS tem vários tipos de situações e atende pessoas diferentes. As pessoas acham que o HIV é igual para todo mundo, mas cada um tem uma história, uma situação, e não podemos atender todos da mesma forma, até para garantir a adesão do paciente”, destacou Patrícia Silva, lembrando que a UBS Ajuricaba realiza o acompanhamento de 686 pessoas no atendimento com a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP).
Para o controle e prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs/Aids), a Semsa executa, durante todo o ano, ações com o foco na estratégia da Prevenção Combinada: educação em saúde; distribuição de preservativos (interno e externo); oferta de testes rápidos; profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP), que é uma estratégia que reduz em mais de 90% o risco de infecção pelo HIV e consiste no uso diário de medicação antirretroviral; vacinação contra o HPV e a Hepatite B; redução de danos; terapia antirretroviral; e prevenção da transmissão vertical, que ocorre da gestante para o bebê durante a gestação e o parto.