O parintinense é reconhecido nacionalmente por confeccionar belas obras artísticas com materiais simples. Pensando nisso, o artista plástico Claudenor Alfaia da Costa, popularmente conhecido como “Nonôca”, artista de alegoria do Boi Caprichoso, confeccionou artefatos utilizando resíduos sólidos.
Intitulado “Memória e Sustentabilidade Cultural”, o projeto de “Nonôca” Costa usa as práticas de confecção artesanal desenvolvidas pelo seu pai, Deusdite Venâncio da Costa, o “Didi Faz Tudo”, destacando-se pelo reaproveitamento de materiais como ferro e isopor, que ficam nos galpões de alegoria dos bois Caprichoso e Garantido.
O artista teve o projeto aprovado pela Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Parintins, por meio do Governo Federal. Ele ressaltou como surgiu a proposta do novo trabalho.
“O trabalho surgiu de uma forma para buscar alternativas de sobrevivência. Por ser filho de um mestre do saber cultural, surgiu a ideia de criar um núcleo digital em homenagem a “Didi Faz Tudo” e criar artefatos com resíduos sólidos. Eu, como artista da área, tenho a convicção que o planeta precisa ser cuidado. Estamos cansados de ir para a arena defender a Amazônia e nós mesmos na prática a excluímos de uma forma injusta, tendo em vista que produzimos muito lixo”, disse.
Entre as obras confeccionadas pelo artista “Nonôca” destaca-se “Arte: o poder que transforma”, artefato feito em arame, vaso de cimento feito com flocos de isopor; e “Ancestralidade”, escultura de um rosto de um índio feito em isopor, revestido de serragem de madeira e pigmentado com jato de tinta em aerógrafo, acoplada a um suporte de metal em formato de chama de fogo.
Para a construção das obras, “Nonôca” Costa teve ajuda da sua esposa, Clívia Figueira, e sua equipe de trabalho composta por pintores e escultores, que o acompanha por muitos anos.
Natureza e cultura
Além da reutilização de materiais sólidos, o trabalho desenvolvido pelo artista “Nonôca” traz uma mensagem de preservação em prol da Amazônia.
“As obras vão muito além do embelezamento, ela traz uma mensagem da cura, da sustentabilidade, do conceito de produção limpa e ecológica para preservar nossa Amazônia”, reitera.
O socioambientalista do Boi Garantido, Joel Araújo, enfatizou que o projeto construído pelo artista “Nonôca” completa a luta pela defesa dos povos indígenas.
“Preservar a natureza é importante para preservar a cultura. Estamos vendo agressões às comunidades indígenas, quando a gente defende a floresta, defendemos a sobrevivência desses povos. A partir do momento que eles têm seu território protegendo, também estaremos defendendo sua cultura”, explana.
Exposição
Os trabalhos de “Nonôca” vão ficar em exposição no Mercado Municipal Leopoldo Neves, em Parintins, distante a 369 quilômetros de Manaus, a partir dessa segunda-feira (22).
A abertura do evento contou com Carla Garcia, coordenadora especial de Turismo de Parintins, o próprio artista “Nonôca”, sua esposa Clívia Figueira, o socioambientalista Joel Araújo, e a pesquisadora Irian Butel.
A exposição ficará no Mercado Municipal de Parintins até o dia 29 de novembro.