Durante visita realizada na tarde do último sábado (7), à sede do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), a líder para Covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, e a coordenadora da Unidade de Vigilância, Preparação e Respostas a Desastres e Emergências da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) no Brasil, Maria Almiron, reafirmaram o interesse e o compromisso de seguir apoiando as pesquisas desenvolvidas pelo ILMD nas áreas de saúde humana e animal dada a importância da contribuição desses estudos sobre a Amazônia para o Mundo. A comitiva foi composta também pelo Ministério da Saúde e representantes da Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM) e Fundação de Vigilância em Saúde Dra Rosemary Costa Pinto.
Maria Kerkohve ressaltou a capacidade de resiliência do povo brasileiro, em especial do Amazonas, no enfrentamento aos efeitos devastadores da pandemia e agradeceu o esforço e a parceria dos órgãos de saúde e pesquisa para a redução do impacto da doença. “Acima de tudo, fico grata pela celeridade nas pesquisas e prioridade do compromisso com a Ciência que todos tiveram em momentos bem complicados da pandemia e daqui para frente. Confiamos nos dados que são gerados por pessoas como vocês”, destacou a alta funcionária da OMS, referindo-se aos pesquisadores da Fiocruz.
Na sede do ILMD, as executivas foram recebidas pela diretora Adele Benzaken, e puderam conhecer as novas estruturas laboratoriais junto com parte do staff de pesquisadores da instituição, que tiveram oportunidade de apresentar conclusões parciais e primeiros resultados das pesquisas acerca do SARS-CoV-2, bem como estudos de arboviroses emergentes e caracterização de linhagem de vírus. A comitiva assistiu também a um vídeo sobre o trabalho das missões realizadas pela Fiocruz no interior do Amazonas, no período crítico da pandemia. “A robustez das pesquisas da Fiocruz Amazônia nos dá suporte para enfrentar novas situações pandêmicas”, observou Kerkohve. visita foi acompanhada por representantes do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM).
Maria Almiron salientou que o trabalho que a Fiocruz vem desenvolvendo no Amazonas tem sido fundamental para outros estados do Brasil e para a região. “Exemplo disso é a forma rápida com que a Fiocruz Amazônia desenvolveu uma ferramenta para ajudar não só o Brasil mas também outros países a detectar rapidamente uma nova variante, que foi a variante Zeu. Outros estudos estão sendo desenvolvidos e vão nos dar outras respostas a várias interrogações que ainda temos sobre a Covid-19”, afirmou.
Almiron enfatizou que, pela posição estratégica, a Fiocruz Amazônia desenvolve trabalhos importantes em relação a riscos futuros. “Daí nosso interesse de potencializar o trabalho da Fiocruz Amazônia e também demonstrar que a instituição pode contribuir para a comunidade internacional e dar respostas a várias perguntas”, observou. Segundo ela, o fluxo migratório atual transformou o Mundo numa comunidade global, sem fronteiras. “Vimos isso na pandemia. Estava acontecendo um evento muito longe da gente e em questão de dias estávamos enfrentando situação similar no Brasil”, relembrou.
APRESENTAÇÕES
A diretora do ILMD/ Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken, junto com os pesquisadores Felipe Naveca, Maria Paula Mourão e Pritesh Lalwani fizeram um apanhado dos avanços obtidos em pesquisas realizadas pela Fiocruz Amazônia. O virologista Felipe Naveca apresentou estudos epidemiológicos e de vigilância em andamento. Em parceria com a OMS e a OPAS, a Fiocruz Amazônia pretende organizar um seminário no segundo semestre deste ano para discutir futuras pesquisas na Amazônia.
“Apresentamos pesquisas em vírus emergentes e reemergentes que estamos executando desde o início da pandemia, e já pensamos no futuro. Mostramos as pesquisas com arbovírus emergentes que temos encontrado, além do muito que foi feito durante a pandemia caracterizando as linhagens do SARS-CoV-2 não só no Amazonas mas em outros estados da região Norte e também no Mato Grosso do Sul, apresentando um painel ampliado de outros vírus para que possamos entendê-los antes que se tornem problemas mais à frente”, afirmou Naveca.
Segundo Naveca, os trabalhos demonstram a capacidade de resposta da Fiocruz Amazônia a esses momentos mais difíceis com uma visão de quem está na região. “O apoio da OPAS e OMS é fundamental. Não fazemos pesquisas sem apoio logístico e financeiro”, observou Felipe, acrescentando que atualmente vem contando com o suporte do Ministério da Saúde, OPAS e OMS para viabilização do projeto. Maria Paula Mourão, da Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado e da Universidade do Estado do Amazonas, apresentou o atual estágio do estudo, que faz o acompanhamento de aproximadamente 4.500 trabalhadores da Educação e da Segurança Pública ativos em Manaus e portadores de comorbidades infectados pela Covid-19.
“Nosso interesse era o de antecipar a vacinação desse público para tentar reduzir o risco de doença grave e num segundo momento avaliar o impacto da mudança do esquema vacinal, comparando-se ao comportamento em pessoas hígidas (saudáveis) submetidas à mesma situação. “Finalizamos um ano de seguimento em abril e vamos iniciar os estudos de imunidade a partir de maio. Temos mais seis meses pela frente até concluir todos os resultados”, avaliou Mourão.
Outro estudo em andamento apresentado à OMS/OPAS foi o do epidemiologista Pritesh Lalwan. Desenvolvido por meio de parceria entre a Fiocruz Amazônia, Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Fundação de Vigilância em Saúde Dra Rosemary Costa, a pesquisa busca entender a epidemiologia do SARS-CoV-2, com o acompanhamento de 3 mil pessoas. “Observamos nesse primeiro corte o aumento da infecção pelo não uso de medidas não-farmacológicas como uso de máscaras e contato domicilar”, afirmou.