A União Brasil, partido criado pela fusão das legendas Democratas (DEM) e Partido Social Liberal (PSL), foi anunciada este ano. O novo partido terá a maior bancada no Congresso Nacional e a maior representação da direita no Brasil em 20 anos. A agremiação irá desempenhar um papel importante nas eleições de 2022, podendo ocupar um espaço ainda vazio no pleito.
“Do lado da direita, a gente não tinha nenhum partido que tenha cumprido esse papel, ter conseguido angariar os votos do eleitorado de uma maneira sistemática”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição o professor Glauco Peres, do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Segundo o professor, a esquerda no Brasil, principalmente o Partido dos Trabalhadores (PT), desde 1989, vem conseguindo construir uma base eleitoral que se mantém forte, apesar das polêmicas.
Com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, houve a possibilidade da criação de uma base de igual representatividade à direita. No entanto, não aconteceu, deixando o caminho livre para a União Brasil ter essa oportunidade. “Surgiu um eleitorado mais a direita, com discurso de ‘sou de direita’, também é relativamente novo, uma novidade, porque isso não era muito claro no País”, explica Peres sobre o aumento da direita no espectro político após o pleito de 2018.
De acordo com ele, atualmente há um espaço político a ser ocupado, que permitiria que um candidato se posicione à direita. Com o crescimento da rejeição da presidência de Bolsonaro e do descontentamento com a esquerda, existe um vácuo que poderia conquistar os votos de eleitores. A disputa entre diferentes legendas para a presidência será o mais concorrido das eleições de 2022.
Na questão do Congresso, o tamanho da representação que a nova legenda pode ocupar é uma incógnita. Para o professor, políticos filiados ao DEM e ao PSL irão aproveitar-se da fusão para trocar de partido. Outro fator que pode interferir na manutenção da atual representação é a tradição eleitoral que cada partido tem. Por mais que o DEM possua um histórico sólido de representação no País, o PSL cresceu vertiginosamente por conta da filiação de Bolsonaro em 2018, fenômeno que aparentemente não se repetirá em 2022, colocando em dúvida o tamanho que a bancada da União Brasil poderá ter no próximo pleito. “Ela é favorita para ter uma bancada grande, agora, só na eleição para a gente saber mesmo”, conclui Peres.