Por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), a Prefeitura de Manaus inicia a partir desta semana a implementação da tafenoquina, novo medicamento utilizado para o tratamento da malária, em 13 unidades de saúde da rede municipal. A ação faz parte da segunda etapa do estudo de “Viabilidade Operacional da Cura Radical Apropriada de Plasmodium vivax com Tafenoquina ou Primaquina após o Teste Quantitativo de G6PD no Brasil”, conduzido pelo Ministério da Saúde nas cidades de Manaus e Porto Velho (RO).
De acordo com a gerente de Vigilância Ambiental da Semsa, enfermeira Alinne Antolini, o Ministério da Saúde pretende com o estudo levantar evidências sobre como o uso da tafenoquina, medicamento que reduz o tratamento contra malária de sete para três dias, funciona na prática do atendimento nas unidades de saúde de baixa complexidade na rede municipal, sendo que a primeira etapa do estudo iniciou em setembro de 2020 nas unidades de alta e média complexidade da rede estadual.
“O tratamento utilizado atualmente contra a malária inclui a cloroquina e a primaquina. O estudo vai avaliar a possibilidade de substituição da primaquina pela tafenoquina no esquema medicamentoso, reduzindo o tempo de tratamento”, informa Alinne.
Paralelo à implementação da tafenoquina na rede municipal, também será iniciada, nas 13 unidades de saúde selecionadas para o estudo, a oferta do teste do nível da enzima G6PD do paciente, que visa reduzir o risco de complicações no tratamento.
“Quando o nível desta enzima fica abaixo do recomendado, o medicamento contra malária, tanto a primaquina quanto a tafenoquina, pode provocar anemia hemolítica, uma doença grave que pode levar o paciente ao óbito. Então, o uso da tafenoquina está condicionado à realização do teste G6PD, que também é um novo procedimento na rotina de atendimento. O aparelho para a realização desse exame na unidade de saúde começou a ser usado agora”, explica a enfermeira.
Viabilidade
O estudo vai permitir que o Ministério da Saúde obtenha evidências de como o novo esquema de tratamento funciona na prática do atendimento nas unidades de baixa complexidade, verificando a viabilidade operacional. Com isso, será possível fazer as correções necessárias, definir o melhor tratamento para os pacientes e decidir sobre incorporar ou não a tafenoquina na rotina do Programa Nacional de Controle da Malária.
A oferta da tafenoquina e do teste quantitativo de G6PD será implementada a partir desta segunda-feira, 7/2, em sete unidades de saúde da zona rural (UBSR comunidade Cuieiras, UBSR Pau-Rosa, base operacional União da Vitória, Unidade de Apoio Cooperativa Pau-Rosa, UBSR Ada Viana – trailer – Unidade Móvel, UBSR comunidade São Pedro, UBSR Efigênio Sales); em cinco unidades da zona Leste (bases operacionais Colônia Antônio Aleixo, João Paulo II, Santa Inês, Grande Vitória e Bela Vista); e uma na zona Oeste (base operacional Campos Sales).
“São unidades de saúde selecionadas nas áreas de maior incidência da malária em Manaus e que também têm gestão plena no Programa Municipal de Controle da Malária, onde é feito o diagnóstico e tratamento da doença, tendo servidores que atuam como agentes de endemias, microscopistas e notificantes. Todos esses servidores participaram de treinamento, teórico e prático, para o manuseio do aparelho de testagem do G6PD, e nas orientações sobre utilização dos medicamentos”, afirma Alinne.
Direcionamento
Conforme as diretrizes do estudo, aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), o tratamento com uso da tafenoquina será direcionado para pacientes, com mais de 16 anos, diagnosticados com malária do tipo Vivax ou mista.
“A incorporação da tafenoquina, com a redução do tempo de administração do medicamento, deverá trazer muitos benefícios para a população pelo potencial de proporcionar maior adesão ao tratamento. Como normalmente o tratamento leva sete dias, o paciente começa a se sentir melhor no terceiro dia e muitas vezes abandona a medicação, não fica curado e tem sucessivas recaídas”, explica Alinne.
Casos
Em 2021, o município de Manaus registrou 4.466 casos de malária, em uma redução de 15,4% em relação a 2020, quando houve a notificação de 5.280 casos da doença.
As notificações de janeiro deste ano também apresentaram redução de 15,8%, com 223 casos no município de Manaus, em comparação com janeiro de 2021, que registrou 265 casos.