BRASÍLIA – Na volta dos trabalhos legislativos de 2022, na noite desta terça-feira (02), o senador Plínio Valério (PSDB-AM), apresentou aos demais colegas, na tribuna do Senado Federal, uma carta escrita por indígenas da etnia baniwa, da Comunidade Castelo Branco, no município de São Gabriel da Cachoeira, com críticas à atuação de ONGs na região que impedem o desenvolvimento e a independência da comunidade. A carta é assinada por mais de 50 indígenas que pedem liberdade e não admitem ser tutelados por essas organizações. “Eles se insurgem não apenas contra a sujeição em que são mantidos pelo Estado, mas também contra a visão de mundo dessas organizações, que pretendem agir em seu nome”, diz Plínio Valério.
Diz um trecho da carta: “Aqui na região do Alto Rio Negro existem instituições ONGs com visão e objetivo de que os indígenas se mantenham em estado de observadores da natureza, mantendo apenas a sua sobrevivência, ou seja, ter o direito de comer e dormir, nada mais”.
Segundo o senador, fica muito claro que a comunidade não aprova e rejeita essa situação. Plínio Valério disse ainda que eles sonham, assim como ele, com um futuro de liberdade dessas leis que são paridas em outros lugares e desse movimento hipócrita que arrecada recursos em nome das comunidades indígenas e que não chegam na ponta.
O parlamentar amazonense leu outro trecho do documento em que os índios clamam pelo direito de ter uma atividade financeira, trabalhar e produzir. “Não queremos ser dependentes da Bolsa Família eternamente. Não queremos ser um peso para o Brasil. Nós queremos ser indígenas que pagam impostos, mas a lei nos engessa e algumas entidades, principalmente o Instituto Socioambiental, o ISA, ficam buzinando nas cabeças de algumas lideranças dizendo que isto é errado”, afirmam.
Aproveitando a ocasião, Plínio cobrou mais uma vez a instalação da CPI das ONGs. “Nós precisamos instalar a CPI das ONGs, para separar o joio do trigo, para provar essa hipocrisia que permeia, que reina, para mostrar a você, brasileiro, a você, brasileira, que a Amazônia é essa aí desses índios […] que tudo o que querem é sobreviver e ter o direito de se sustentar e autossustentar com o suor do trabalho, e não com promessas, e não com enganações, e não com esmolas.”, afirmou.