Manaus (AM) – A famosa mucura ou gambá de orelha branca é um dos animais mais conhecidos da América Latina.
Nativo no Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, pode viver em muitos habitats distintos, hora vivendo na terra, hora nas árvores. Podem se alimentar de pequenos besouros, pássaros, cobras e pequenos invertebrados.
Sua dieta também colabora para a dispersão de sementes. As mucuras mais jovens comem frutas menores do que as mais velhas, então geralmente os animais adultos dispersam sementes maiores.
Porém, o que nem todo mundo sabe, é porque o bicho tem um odor tão desagradável. A ciência afirma que o animal possui duas glândulas em cada lado do ânus e que, dali, vem o grande mal odor.
Mas, a sabedoria popular tem outra versão para o fato e até uma história é contada pelos ribeirinhos para justificar o cheiro do animal.
A mucura foi pescar
‘Corre a boca pequena’ que a Mucura tinha muito ciúme da ariramba, um pássaro da Amazônia brasileira, que sabia pescar muito bem.
Um belo dia, disposto a provar ao pássaro e as outras mucuras que sabia pescar também, resolveu ir à beira do rio tentar a sorte e se exibir depois para os amigos.
Qual não foi sua surpresa quando fisgou um tucunaré, mas acabou fazendo muita raiva ao peixe, que engoliu a mucura inteirinha.
Foi preciso várias horas do animal se remexendo dentro da barriga do tucunaré e ‘clamando’ por piedade para que o grande peixe sentisse uma forte dor na barriga e vomitasse a mucura.
Fedor
O intestino do tucunaré tinha um forte odor do chamado ‘pitiú’, que todo mundo da Amazônia, que gosta de comer um bom peixe, conhece.
Desesperada, a mucura correu para casa, no intuito e tomar vários banhos. Só que, agora, era tarde. Ela também ficou com um forte cheiro entranhado no corpo, espantando todos os animais da mata. Cheiro esse que jamais saiu!
A partir daquele dia, todos os animais e seres humanos que entram nas matas e ‘topam’ com a mucura por aí, corre para longe do seu cheiro odor insuportável.
Lutei com a mucura
Quem pode afirmar de pés juntos que teve uma experiência nada agradável com uma mucura foi a dona de casa Maria Francisca Conchita, 38 anos.
Moradora de uma cidade pacata no interior do Amazonas, a qual a mulher prefere que fique em sigilo, ela revela que, quase todos os dias, o prato servido na mesa para a família era carne de mucura.
“Foi assim por 20 anos. Todos os dias meu marido entrava na mata e trazia umas duas mucuras mortas. Eu congelava, moía, fazia picadinho, mucura guisada, mucura frita, mucura a escabeche. Era uma delícia. Me lembrava frango”, relata.
Conchita diz, ainda, que a família toda gostava e o marido fazia questão da carne do animal, quase todos os dias.
“Matava no terçado, fritávamos e comíamos na maior. Não era necessidade, era gostar mesmo. Podíamos comer outras coisas. Porém, um dia, passei uma experiência bizarra, que me fez jamais querer tocar em um pelo duma mucura, novamente”, fala com medo no olhar.
Maria Conchita relata que o marido trouxe uma enorme mucura viva da mata e que colocou numa gaiola. Com medo que alguém roubasse o animal, teve a desfaçatez, segundo ela, de pôr a jaula no bicho de frente para a cama do casal.
“Passei a noite toda acordada e aquele animal com um fedor enorme no quarto. Ele [o marido] dormiu, mas a fedentina estava grande. Aí, meu amigo, tive uma experiência bizarra. Percebi que a mucura estava me encarando muito na gaiola dela. Olhei e disse alto: ‘mas você fede, em maninha?’… A minha surpresa foi a resposta: ‘fedorenta é você! Vê se te manca, mulher’”, comenta aterrorizada.
A mulher revela que , ao escutar uma mucura falando com ela, em alto e claro ‘português’, ficou aterrorizada. “Gritei pro meu marido acordar e nada e a mucura continuou me ‘desaforando’. Falando coisas como ‘quem você pensa que é para me prender’, ‘você e sua família vão pagar’, ‘vou te matar’ e ‘vou deixar este quarto podre’, ‘Me solta daqui, sua ‘fumada’, sua ‘lascada… LAS-CA-DA’”, afirmou.
Desesperada, Maria Chochita disse que pediu perdão a mucura e que iria soltar ela. “Quando abri a gaiola do bicho, ela soltou uns ‘gases’ na minha cara. Meu Deus, que coisa horrível! Caí em cima da cama e ela fugiu pela janela. Meu marido acordou e deu uma bocejada e todo odor entrou na boca dele”, diz indignada.
A partir daquele dia, a dona de casa afirma de ‘pés juntos’ e ‘joelhos em prece’ que ela e o marido podem tomar o banho que for, mas não conseguem retirar um cheiro que classificou como ‘podre’ no corpo.
“Andamos pela rua e as pessoas passam há 100 metros longe. Já nos chamam até de ‘podrinhos’ da cidade e meu esposo está com um ‘bafo’ que nem eu aguento. Nunca mais comemos mucura. Espero, um dia, podermos nos libertar deste cheiro”, finaliza.
*Com informações da reportagem de Carlos Araújo/Em Tempo
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