São Paulo – Em meio à pandemia de covid-19, uma orientação que ficou bagunçada foi sobre o uso de máscaras por crianças. Deve usar? Não precisa? É perigoso? Pode causar problemas? Em primeiro lugar, destaca-se: a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) recomendam o uso de máscaras por crianças a partir de 2 anos, sempre com a supervisão dos pais ou responsáveis. E, para garantir o melhor uso e proteção, é importante treinar em casa antes de usar em eventuais saídas.
Embora as crianças sejam menos afetadas pela covid-19, elas podem transmitir a doença para seus pais, avós, tios e outros familiares. Além disso, uma pequena parcela das crianças infectadas pode desenvolver a Síndrome Inflamatória Multissistemica Pediátrica (SIM-P). Trata-se de uma condição inflamatória rara, grave, com amplo espectro de sinais e sintomas, que afeta os vasos sanguíneos (veias e artérias) de crianças e adolescentes. Em toda a pandemia, o Brasil registrou 736 casos e 46 mortes por SIM-P. Por isso, o uso de máscaras em crianças não pode ser descartado.
Mentira presidencial
No final de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro mentiu mais uma vez sobre riscos do uso de máscaras, dessa vez por crianças. Dizendo ter tido acesso a um estudo – que na verdade era uma enquete de um site sem nenhum rigor científico –, Bolsonaro afirmou que “as máscaras de proteção contra a covid-19 são prejudiciais para crianças”. Na verdade, o site apenas estava compilando relatos de pais sobre o uso de máscaras em crianças, cujos problemas apontados podem ter diversos fatores.
Por exemplo, dores de cabeça são citadas como exemplo de problema do uso de máscaras em crianças. No entanto, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontou que isso ocorre por mal ajuste do item de proteção, que acaba ficando muito apertado e realmente causando a dor de cabeça. Mas não é um problema da máscara e, sim, de ajuste.
A Academia Americana de Pediatria garante que a utilização de máscaras em crianças contra a covid-19 é segura e eficaz a partir dos 2 anos de idade. E não causam qualquer problema de aprendizagem, bem como não interferem no desenvolvimento pulmonar, nem levam ao acúmulo de dióxido de carbono no sangue e tampouco enfraquecem o sistema imunológico.
Com que máscaras as crianças vão?
Em primeiro lugar, é importante buscar máscaras para crianças com boa proteção, como destaca o perfil Qual Máscara?, que traz dicas sobre o uso do item de proteção. As de tecido com três camadas são boas opções para atividades ao ar livre ou locais bem ventilados. Se a criança se adaptar bem, uma máscara cirúrgica pode ser colocada por baixo, sem problemas. É importante que a máscara esteja bem ajustada no rosto e que seja presa na cabeça e não nas orelhas.
As máscaras do tipo PFF2 ou N95 se ajustam bem em crianças a partir de 5 anos, em média. Prefira o tipo concha, que evita o contato com a boca e o nariz e não fica saindo do lugar, melhorando a adesão dos pequenos, pois dá maior liberdade para brincar. Esse é o melhor tipo de máscara a ser usado e, portanto, deve ser o modelo adotado caso seja preciso levar a criança a locais fechados, com aglomeração ou de maior risco de contágio – como um pronto socorro. Já há empresas fabricando máscaras desse tipo voltadas especialmente para crianças.
Orientações
Outra dica importante é deixar a criança usar a máscara em casa, no dia a dia, antes de uma saída efetiva. Dessa forma, ela vai se acostumando com o item de proteção e também pode apontar eventuais problemas a serem corrigidos. Quando for testar a máscara na criança, leve em conta o conforto dela. Quanto mais ajustada a ela, maior será a adesão dos pequenos.
Além disso, é importante explicar e repetir as condutas de uso da máscara várias vezes para a criança antes de usar em um saída. Orientações sobre não tocar na parte da frente, retirar pelas alças, não passar a língua e pedir ajuda quando sentir que ela saiu do lugar são fundamentais e devem ser repetidas sempre.
Fonte: Brasil Atual