Índios da etinia Baniwa, do município de São Gabriel da Cachoeira, enviaram uma carta que foi lida na tribuna pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), denunciando a ação de ONGs que cooptam lideranças indígenas para barrar a autonomia de seu povo para reivindicar alterações na legislação de modo que possam explorar economicamente suas terras e prosperar como os demais brasileiros. O pedido de socorro enviado a Plínio dos Baniwa é assinado pelo líder da representantes da Comunidade Castelo Branco, da etnia baniwa, do Médio Içana, do município de São Gabriel da Cachoeira, líder da comunidade do Médio Rio Içana, Silvo Benjamim.
Na carta pedem mudanças na lei de modo a permitir o desenvolvimento de atividade dentro das terras de usufruto dos indígenas , que possibilitem, efetivamente, a autonomia que pretendem atingir. Argumentam que, sem autonomia, continuarão sendo tratados como incapazes nas mãos daqueles que sempre se aproveitaram de suas dificuldades em benefício próprio. Querem tão somente oportunidade para avançar e alcançar a cidadania, o empoderamento e o protagonismo em suas vidas, buscar mais autonomia e independência financeira e política do Governo.
“Não aceitaremos mais que oportunistas indígenas e não indígenas que sempre queiram colocar palavra em nossas bocas como se nós não fôssemos capazes de falar por nós mesmos. Não iremos mais tolerar falsidade em relação à questão indígena, ditas por nós, quem quer que seja, dando a entender que os povos indígenas sejam todos iguais, que pensem as mesmas coisas e que não têm entendimento diferente sobre várias questões e assuntos”, diz um trecho da carta lida por Plínio .
Aos senadores presentes e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (União Brasil) , Plínio voltou a alertar sobre a urgência de instalar a CPI das ONGs, para que se possa investigar a atuação das más ONGs na Amazônia especialmente no controle dos indígenas. O autor da CPI pronta para ser instalada sempre ressalta que a ideia não é demonizar as boas ONGs, mas fiscalizar as que se aproveitam da Amazônia sem retorno para as populações vulneráveis.
“Isso aqui são palavras indígenas, não são palavras dos representantes do Amazonas, embora elas endossem 100%. É necessária a instalação da CPI das ONGs para a gente mostrar a cara de pau que permeia tudo que se relaciona ao Amazonas e aos povos indígenas. Balela! Os índios não precisam de tutela, os índios não querem tutor, eles querem viver com suas próprias forças e suas riquezas”, criticou Plínio.
Leia a íntegra a carta das lideranças baniwa:
Nós lideranças indígenas Baniwa , das comunidades do Médio Rio Içana, pertencente do Município de São Gabriel da Cachoeira, do Estado do Amazonas, localizado geograficamente na Cabeça do Cachorro, vem ao público externar nossa preocupação e não aceitação que outros atores envolvidos com questão indígena que queiram falar em nome de todos os povos indígenas brasileiros. Nós lideranças do Médio Içana não temos a pretensão de representar todas as comunidades indígenas Baniwa e nem tampouco tomar decisões por eles. Nossa proposta aqui é tão somente buscar autonomia e oportunidade para avançarmos, por nós representados, alcance à cidadania, o empoderamento e o protagonismo em suas vidas, buscar mais autonomia e independência financeira e política do Governo.
Não aceitaremos mais que oportunistas indígenas e não indígenas que sempre queiram colocar palavra em nossas bocas como se nós não fôssemos capazes de falar por nós mesmos. Não iremos mais tolerar falsidade em relação à questão indígena, ditas por nós, quem quer que seja, dando a entender que os povos indígenas sejam todos iguais, que pensem as mesmas coisas e que não têm entendimento diferente sobre várias questões e assuntos.
Repudiamos totalmente tal ousadia e declaramos a toda opinião pública, quer nacional ou internacional, que isso está muito longe de ser verdade. Nós nos representamos e não admitimos que ninguém ouse falar por nós, a não ser os porta-voz por nós eleitos e autorizados para tanto.
De nossa parte, queremos que mudanças na lei de modo a permitir o desenvolvimento de atividade dentro das terras de usufruto dos indígenas baniwa do Médio Içana, por nós representado, e que essas possibilitem, efetivamente, a autonomia que pretendemos atingir. Sem autonomia, continuaremos sendo tratados como incapazes nas mãos daqueles que sempre se aproveitaram de nossas dificuldades.