ECONOMIA- O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide, nesta quarta-feira (6), em quanto deve aumentar a taxa Selic, taxa básica de juros, em um cenário de incerteza causado pela alta do dólar e pela seca, que impactam o preço da energia e dos alimentos. Esta pode ser a segunda alta consecutiva após mais de dois anos de estabilidade.
De acordo com o Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central que reúne as projeções de analistas, a expectativa é de que o Copom eleve a Selic em 0,5 ponto percentual, chegando a 11,25% ao ano, com previsão de encerrar 2024 em 11,75%. Na última reunião, em setembro, o Copom justificou a alta com base no ritmo da economia e nas pressões do mercado de trabalho.
Desde agosto de 2021, a Selic chegou a ser mantida em 13,75% ao ano, com cortes que reduziram a taxa para 10,5%, mas a pressão inflacionária levou o Copom a retomar o ciclo de altas. O colegiado sinalizou, em ata, que uma política contracionista é necessária e que aumentos graduais poderiam ocorrer para conter a inflação.
A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,44% em outubro, impulsionada pela bandeira vermelha nas tarifas de energia e pela alta nos preços dos alimentos. O IPCA acumula alta de 4,42% em 12 meses, próximo do teto da meta para 2024. Com a seca prolongada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que o impacto sobre o preço dos alimentos é inevitável, mas ressaltou que o controle deve considerar outros fatores além dos juros.
A meta de inflação para 2024, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%. Para 2025 e 2026, a meta se mantém em 3%. Segundo o último Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado em setembro, a expectativa para o IPCA de 2024 era de 4,31%, mas a recente valorização do dólar e o impacto da seca podem modificar essa previsão, a ser revisada no próximo relatório, em dezembro.
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, influenciando o custo do crédito e o consumo. Enquanto taxas mais altas tendem a conter a demanda ao encarecer o crédito, taxas mais baixas favorecem a produção e o consumo, mas podem pressionar a inflação. A definição da Selic ocorre em reuniões do Copom a cada 45 dias, quando diretores do Banco Central analisam as economias nacional e global para decidir a política monetária.