Henry Borel, de 4 anos
Reprodução

Henry Borel, de 4 anos

No laudo da reprodução simulada feita no apartamento onde Henry morava com a mãe, os peritos afirmam que “as lesões produzidas na vítima e o seu óbito ocorreram no interior do apartamento no intervalo entre 23h30 e 3h30”.

Ainda de acordo com o documento, a imagem da câmera do elevador mostra que o menino já estava morto quando deixou o apartamento no colo de Monique para ser levado ao hospital. Jairinho também aparece na imagem reproduzida no documento. De acordo com o laudo, ao analisar o vídeo, pôde ser constatado que o menino apresentava “abolição de motilidade e de tônus muscular”, o que significa que o óbito tinha ocorrido havia pouco. As imagens mostram ainda que o casal saiu para o hospital às 4h09 do dia 8, 39 minutos depois de contarem que encontraram o menino caído.

Segundo o documento do IML, todas as lesões são descritas minuciosamente no relatório. Os peritos explicam, por exemplo, que diferentes equimoses não podem ter sido causadas por uma única ação. Por isso, afirmam que elas “são sugestivas de diversas ações contundentes e diversos graus de energia”. Já as lesões intra-abdominais foram de alta energia, ou seja foram em decorrência de um impacto mais forte. O corpo de Henry também tinha infiltrações hemorrágicas no couro cabeludo em três regiões (parietal direita, occipital e frontal), que correspondem a três ações contundentes distintas.

Entre os elementos colhidos pela Polícia Civil na investigação do caso da morte do menino Henry, chamou atenção dos agentes envolvidos os indícios da crueldade que teria sido praticada pelo vereador Dr. Jairinho  sob anuência da mãe da criança, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva . Os policiais afirmam que o garoto levava chutes, bandas e pancadas na cabeça.

Menino tinha medo de Jairinho

Seis dias após ser informada pela babá de que Henry levava bandas e chutes de seu namorado, Monique relatou a uma prima pediatra que o filho sentia “medo excessivo de tudo” e, quando via o político, chegava a “vomitar e tremer”. A troca de mensagens, recuperada no celular da professora pela Polícia Civil, consta no inquérito que apura a morte do menino e foi obtida com exclusividade pelo GLOBO. O alerta das agressões no apartamento da família, no condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na Barra, foi dado em tempo real pela babá de Henry, Thayná de Oliveira Ferreira, na tarde de 12 de fevereiro.

Como o Fantástico, da TV Globo, mostrou no domingo, no dia seguinte, Monique e Jairinho procuraram um hospital particular, em Bangu. Na unidade, relataram que a criança estava mancando e com dores, pois tinha “caído da cama”, mas uma radiografia não mostrou dano à estrutura óssea. No inquérito que apura a morte de Henry, Monique também alegou que o filho poderia ter caído da cama pouco antes de ser levado sem vida para um hospital na Barra. A defesa do casal diz que Henry relatou uma dor no joelho e que Monique o levou ao hospital.

Perguntas ainda sem resposta

Como o menino foi morto? O que causou tantas lesões?

Necropsia feita no corpo de Henry mostra que ele morreu de hemorragia interna devido à laceração no fígado, causada por ação contundente. Ele também foi machucado na cabeça. Os peritos já sabem que as lesões não foram causadas por acidente doméstico .

Por que a babá não contou à polícia que Henry foi agredido?

A babá Thayná de Oliveira Ferreira avisou à mãe de Henry, Monique Medeiros, que o filho saiu mancando do quarto onde ficou trancado com Dr. Jairinho. O menino sentia dores na cabeça e na perna. A mãe de Thayná trabalha para família de Dr. Jairinho.

A avó da criança não percebeu que o neto passava por problemas?

A professora Rosângela Medeiros da Costa e Silva, avó materna de Henry, disse à polícia que Dr. Jairinho dava presentes e chocolates ao garoto. O menino passava de três a quatro noites por semana em sua casa, em Bangu.

Porque o advogado do casal acompanhou depoimentos de testemunhas?

A juíza Elizabeth Machado Louro, que decretou a prisão de Jairinho e Monique, considerou “insólito” o fato de o advogado dos acusados ter acompanhado os depoimentos da babá e da empregada do casal, que não são defendidas por ele.

Fonte: Último Segundo