O extrativismo sustentável representa geração de renda e trabalho para milhares de ribeirinhos em comunidades e unidades de conservação na Amazônia. Apesar dos desafios de logística envolvendo o beneficiamento e transporte, causados pelas características próprias da região, a cadeia de óleos vegetais é um exemplo de sucesso da bioeconomia amazônica. É o caso da marca coletiva Inatú Amazônia, que comercializa produtos florestais amazônicos e beneficia 2 mil pessoas.
A Inatú Amazônia é fruto do projeto Cidade Florestais, iniciativa coordenada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) com financiamento pelo Fundo Amazônia/BNDES. Desde 2018, o projeto fomenta a produção e a comercialização de óleos vegetais, com foco em gestão e na melhoria das condições de trabalho e de vida dos extrativistas. São 14 associações integrantes do projeto pela iniciativa, localizadas na região dos municípios de Lábrea, Silves, Carauari, Apuí e na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã.
De 2019 para cá, as associações comercializaram 50 toneladas de óleos vegetais, com receita de R$ 2,07 milhões. De acordo com o gerente do Idesam e responsável pelo projeto, André Vianna, a marca Inatú Amazônia pode render até R$2 milhões por ano. “Isso demonstra o potencial dos negócios sustentáveis, que respeitam a floresta, e o impacto positivo que eles têm na realidade das comunidades que têm no extrativismo sua fonte de renda”, diz o gerente.
A marca coletiva é administrada pelas associações extrativistas. No catálogo da Inatú Amazônia há opções de óleo vegetal de café verde, óleo de copaíba, óleo essencial de breu e óleo de andiroba. Juntas, as associações já fornecem produtos para grandes empresas nacionais e transacionais. Todo esse trabalho foi fomentado pelo Cidades Florestais, que investiu em infraestrutura e equipamentos para os extrativistas.
“Construímos duas miniusinas de óleos vegetais e apoiamos outras três existentes. Foram adquiridos máquinas e equipamentos, como quebradores, destiladores, filtros prensas e secadores para ampliar a capacidade de produção”, informa André. Desse modo, as associações têm capacidade de processar três toneladas por mês de óleos fixos (gorduras, óleos e manteigas) e até 90 litros de óleos essenciais.
Seminário
O projeto Cidades Florestais teve seu encerramento em 2020 e, para apresentar os resultados desses dois anos de trabalho em parceria com as comunidades, o Idesam realizará o II Manejar – Seminário de Produção Florestal Familiar e Comunitária do Amazonas. O evento acontece nos dias 14 e 15 de setembro, totalmente online com transmissão pelo canal do Idesam no Youtube.
“O II Manejar será o encerramento de um ciclo que iniciou em 2018. Vamos mostrar os resultados, desafios e inovações promovidos no âmbito do projeto. Assim, novas iniciativas poderão ter na marca Inatú uma fonte de inspiração e indicador de sucesso, ao mesmo tempo que preparam seus negócios de acordo com os desafios que forem apontados”, compartilha André Vianna.
O seminário também discutirá as demandas de melhorias em políticas públicas para o desenvolvimento das organizações comunitárias e de suas cadeias produtivas florestais. A programação completa e como se inscrever podem ser encontrados no site do evento: www.manejar.org.br.