O presidente Jair Bolsonaro (PL) comparou, neste sábado (13/8), a alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, a atuais e ex-ditadores da América Latina e Coreia do Norte.
Bolsonaro comentava as relações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com líderes que comandam ou comandaram regimes autoritários. “Você não nega o amor da esquerda por ditaduras no mundo todo”, iniciou ele.
“O cara (Lula) assina uma carta pela democracia, mas sempre foi amigo de Chávez, de Maduro, de Fidel Castro, de Evo Morales, de Mujica, de Lugo, de Bachelet, de Kim Jong-Un. E agora quando chega a época das eleições, querem ser diferentões? Não dá para ser diferentão, ninguém vai acreditar”, disse Bolsonaro, em entrevista ao canal no YouTube Cara a Tapa, com Rica Perrone.
Bachelet foi presidente do Chile por dois mandatos (de 2006 a 2010 e de 2014 a 2018) e já criticou Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, e outras ditadores. Ela é filha de Alberto Bachelet, brigadeiro-general da Força Aérea do Chile que foi preso, torturado e morto pelo regime do ditador chileno Augusto Pinochet entre 1973 e 1974.
Recentemente, em junho, Bachelet afirmou estar preocupada com as ameaças contra indígenas e defensores do meio ambiente no Brasil. “Estou alarmada por ameaças contra defensores dos direitos humanos e ambientais no Brasil, e contra indígenas, incluindo a contaminação pela exposição à mineração ilegal do ouro. Peço às autoridades que garantam o respeito aos direitos fundamentais e às instituições independentes”, disse.
A representante da entidade também demonstrou preocupação com os ataques a mulheres, negros e membros da comunidade LGBTI+ durante as eleições de 2022.
“Os casos recentes de violência policial e racismo estrutural são preocupantes, assim como os ataques contra legisladores e candidatos, particularmente os de origem africana, mulheres e pessoas LGBTI+, antes das eleições gerais de outubro”, destacou a alta comissária.
De acordo com a autoridade, o Brasil foi incluído no informe sobre situações alarmantes, apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
Como reação, a representação diplomática brasileira defendeu que as instituições de Justiça do país investigam “de forma rigorosa e independente as situações de ameaça e violência contra os defensores dos direitos humanos”. O Itamaraty ainda lamentou que o último relatório de Bachelet “não tenha reconhecido os esforços do país para promover e proteger os direitos humanos e a democracia”.
Defesa da ditadura
Na mesma entrevista, Bolsonaro voltou a falar sobre o regime que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985 e disse que teve “coisa errada”, em referência a práticas de tortura, mas contemporizou.
“Teve coisa errada? Ninguém vai negar que teve. Levou cascudo, tapa, afogamento. Ninguém vai negar que teve isso. Mas ninguém vai negar que do lado de cá nós sofremos também”, afirmou.
Ele ainda questionou a classificação como ditadura e golpe: “Dizem que foi ditadura, foi golpe. Golpe é quando você dá um pé na porta, mata o cara que tá na cadeira. Ou prende, ou exila o cara. Nada disso aconteceu em 64.”
*Com informações do ‘Metrópoles’
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