Sem alternativa para obter renda há pelo menos nove meses, trabalhadores do setor recreativo de Manaus, como parques, circos e brinquedotecas, pedem socorro e afirmam que estão com dificuldades financeiras. Com seus empreendimentos fechados desde agosto de 2020, os trabalhadores foram atingidos em cheio pelos decretos de restrições do governo do Estado e tiveram cadeia econômica interrompida. Eles cobram do governador Wilson Lima a flexibilização das atividades do setor com a máxima urgência.
De acordo com um empresário do ramo circense em Manaus, que pediu para não ser identificado, direta e indiretamente são pelo menos três mil pessoas em situação financeira crítica.
“Só no nosso circo temos mais de 130 pessoas, entre artistas, técnicos, familiares, pessoas que dependem exclusivamente dessa fonte de renda. Estamos todos sofrendo. Nove meses sem renda, sem ajuda, sem auxílio, sem nada. Ninguém está olhando pela gente. Pelo amor de Deus! Nós temos família, nós temos crianças, idosos, pessoas que precisam sobreviver. Manaus está toda aberta, por que só nós temos que ficar com nossos negócios fechados? Os balneários, os parques aquáticos que são do mesmo segmento dos circos e dos parques estão abertos. Qual é a diferença? desabafa.
Efeito dominó
Ainda segundo o empresário, para cada apresentação circense é necessário um número expressivo de trabalhadores, que vai além dos artistas principais como palhaços, malabaristas, mágicos e acrobatas. Com a paralisação das atividades, essa cadeia se desmontou e entrou em estado de desespero. “Não dá mais! O que vamos fazer agora? Vamos sair assaltando banco? Claro eu falo no sentido figurado, porque somos pessoas de bem. A gente só quer trabalhar, exercer nossa profissão, dignamente, honestamente”, declara.
Mais 15 dias
Em reunião realizada entre o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 e os representantes do segmento nesta sexta-feira (16), foi anunciada a possibilidade de flexibilizar a atividades, somente daqui a duas semanas.
“O principal argumento do comitê é que precisamos de mais 15 dias de estabilização dos números para abrir os setores envolvidos na questão “diversão”. O problema é a conotação recreativa da atividade, pois ainda estão proibindo tudo que tem que seja recreativo como parques, brinquedotecas, circos. Eu tentei ao máximo liberar agora, mas não conseguimos ainda. Nos informaram que será reavaliado daqui a 15 dias”, revelou.
Sem renda
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, apontam que, em média, 5 milhões de pessoas trabalham no setor cultural no país, representando 5,7% das ocupações. Grande parte desses profissionais não tem renda fixa ou carteira assinada. De acordo com o IBGE, são aproximadamente 44% de pessoas que desenvolvem suas atividades de forma autônoma ou informal.