POLÍTICA- Em depoimento hoje na CPI das ONGs do Senado, o antropólogo Edward Mantoanelli Luz denunciou que grande parte dos antropólogos do Brasil estão submissos a um compromisso político e ideológico que resulta na produção de laudos irreais de reconhecimento de grupos étnicos para demarcação de terras em todo País. Entre 2003 e 2008 Edward atuou na Funai como coordenador de grupo de trabalho de identificação e delimitação de oito terras indígenas no Alto Solimões, Tonantins e Santo Antônio do Içá; e no baixo Rio Negro, Barcelos, todas no meu Estado do Amazonas.
Mas diz ser alvo de processos e sofrer perseguição da Associação Brasileira de Antropólogos (ABA) por ter dado laudos contrários a demarcação de terras sem a comprovação da existência de grupos étnicos no local e ter levantando a voz para denunciar o conluio do setor com ONGs poderosas na Amazônia, como o ISA (Instituto Socioambiental).
Ele pediu que os integrantes da CPI das ONGs articulem a aprovação urgente de um projeto para rever os marcos regulatórios estabelecendo critérios rígidos para a identificação de grupos étnicos e demarcação de territórios étnicos no Brasil.
_Eu queria falar das causas e das fragilidades e peculiaridades do sistema de identificação e reconhecimento de grupos étnicos no Brasil e demarcação de territórios étnicos no nosso país, do estabelecimento de marcos regulatórios como única solução para a demarcação de terras indígenas e territórios étnicos no Brasil _ sugeriu Edward, alertando que se o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar o marco temporal da Constituição de 1988, haverá uma explosão de pedidos de demarcação de territórios indígenas e quilombolas.
Durante a sessão da CPI, o presidente Plínio Valério (PSDB-AM) denunciou que a coordenadora da Funai no Rio Negro, Dadá Baniwa, está coagindo lideranças indígenas ligadas a ONG Foirn a se manifestarem sobre a ida da comissão em diligência ao território indígena Pari Cachoeira, na região do Alto Rio Negro, na próxima quinta-feira. Foi exibido um vídeo com áudio da dirigente da Funai pedindo a manifestação sobre a autorização para a entrada dos senadores em Pari Cachoeira.
_ O ISA fez lavagem cerebral para a gente brigar entre nós. Fizeram lavagem cerebral e vieram para cá para mandar, como diz a história, dos pés para cima. Essa é a pergunta que eu vou lançar para V. Exa: Nós vamos fazer, obedecer a vontade de Dadá Baniwa ? _ Protestou , no vídeo, o líder indígena Domingos Tukano.
Plínio também exibiu um vídeo e um documento com 94 assinaturas de lideranças indígenas pedindo a presença da CPI na região.
_ Mesmo que eu não tivesse sido convidado, eu iria. É dever, é nosso dever apurar, é nosso dever socorrer essa gente. Portanto, fica claro aqui que, se algum incidente acontecer por lá, seja o menor que for, eu responsabilizo a Funai, por qualquer problema que haja fora do script a Funai está responsabilizada – avisou Valério.