Antes de o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, ser ouvido pelos senadores na CPI da Pandemia, o Ministério da Saúde mudou três vezes a data em que recebeu a informação sobre a crise de oxigênio em Manaus, no estado do Amazonas, das autoridades locais. Na CPI da Covid, nesta quarta-feira (19), Pazuello disse que foi informado sobre a crise no dia 10 de janeiro, quatro dias de o sistema de saúde do município colapsar.
“Fiquei sabendo no dia 10 [de janeiro] à noite, em uma reunião com o governador [de Manaus, Wilson Lima] e o secretário de Saúde. Chegamos no dia 10, no dia 11 abrimos o Centro Integrado de Coordenação e Controle e na sequência, no dia 12, começaram a chegar as aeronaves trazendo mais oxigênio”, disse o ex-ministro.
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No dia 18 de janeiro, durante entrevista coletiva, Pazuello disse que foi informado no dia 8 de janeiro. Em 28 de janeiro, a data mudou para o dia 17 de janeiro. Então, no dia 4 de fevereiro, a data mudou para o dia 10 de janeiro, em depoimento à Polícia Federal em Brasília.
Segundo um inquérito do Ministério Público que trata do caso de Manaus, que está sob sigilo, o Ministério da Saúde foi informado no dia 8 de janeiro sobre a iminente escassez de oxigênio na capital do Amazonas, de acordo com a intervenção do senador Humberto Costa (PT-PE). A informação se baseia em um documento oficial entregue ao STF pela Advocacia-Geral da União (AGU), assinado pelo Advogado-Geral, José Levi.
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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, informou que o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, por sua vez, afirmou à Polícia Federal que a falta de oxigênio foi notificada ao governo federal no dia 7 de janeiro. “Não. Ele disse que dia 7 ele falou comigo, mas ele não disse no depoimento que me alertou sobre colapso de oxigênio”, respondeu Pazuello.
“Acredito que as medidas possíveis a partir do dia 10 de janeiro foram todas executadas. Com relação à situação específica do Amazonas e o tempo de resposta a partir do acionamento, em cinco dias, já estávamos com os níveis de estoques sendo restabelecidos. Se nós soubéssemos antes, poderíamos ter agido antes”, afirmou Pazuello.
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Em resposta, Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, questionou por que não foram estabelecidas relações com os Estados Unidos e a Venezuela, que se propuseram a ajudar. Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão, reforçou que o governo venezuelano doou 107 mil metros cúbicos de oxigênio ao estado do Amazonas, “sem pedir nada em troca”.
Tanto o Ministério da Saúde quanto o Ministério das Relações Exteriores não entraram em contato com o governo da Venezuela para agradecer a doação.
Pazuello afirmou à comissão que se antecipou à crise de oxigênio e que montou uma das maiores operações logísticas emergenciais já realizadas pelo Ministério da Saúde. A realidade mostra, no entanto, que cerca de pelo menos 30 pessoas morreram em dois dias justamente pela falta de oxigênio nos hospitais, nos dias 14 e 15 de janeiro.