Nesta segunda-feira (17) é Dia Internacional da Reciclagem, data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência, e a Cultura (Unesco), para alertar sobre a importância do descarte correto dos resíduos gerados pela população. O Brasil gera por ano 80 milhões de toneladas de lixo e apenas 4% são reciclados, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Em Manaus, a taxa de reciclagem é ainda menor, 2,2%, conforme a Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp).
Comparado com outros países, o Brasil está muito longe de ter um percentual de reciclagem satisfatório. A Alemanha, Bélgica e Suíça, por exemplo, possuem índice acima de 50%.
O embaixador do Instituto Lixo Zero em Manaus, o biólogo Daniel Santos, diretor da Damata Consultoria, ressalta que a data deve servir de reflexão sobre como os hábitos do dia a dia impactam no meio ambiente. “Um exemplo que pode ser constatado e que tem acontecido nesse período de enchente é a enorme quantidade de lixo nos igarapés da cidade. Parte desses resíduos, na sua maioria plástico, pode ser reciclada, mas não é o que acontece”, afirmou.
De acordo com Daniel Santos, para mudar essa realidade é preciso investir em políticas públicas que estimulem a educação ambiental nas escolas, criar campanhas de grande alcance, valorizar o trabalho das cooperativas de reciclagem, entre outras iniciativas.
Geração de renda – Daniel diz que a reciclagem é um caminho não somente viável para a preservação do meio ambiente, mas também para a geração de emprego e renda. Dados da Abrelpe mostram que o país perde R$ 14 bilhões por ano com a falta de destinação correta dos resíduos. “São materiais que poderiam estar sendo usados para gerar renda e emprego nas cooperativas de reciclagem, por exemplo”, frisou.
O Brasil é o 4º país com maior produção de resíduos plásticos e o 1º na reciclagem de alumínio. “Essa disparidade mostra que a solução está no valor agregado que o resíduo possui. É difícil você ver latinhas pela rua, diferente do plástico, que possui mais de sete tipos diferentes e não tem um valor agregado. Nesse caso, a melhor solução é a utilização da ferramenta dos R’s da Sustentabilidade, que são: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Se isso começar a ser disseminado para a população, aos poucos vamos conseguir mudar as coisas”, alertou .
Segundo Daniel Santos, nos últimos anos houve alguns avanços em Manaus, mas é preciso acelerar, para alcançar um número maior de pessoas. A cidade possui 21 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) de resíduos. Até 2019, eram apenas seis. “Isso é um avanço, mas é necessário ir além. A capital amazonense tem mais de 2 milhões de habitantes”, comparou.
Atuação educativa – O coletivo Manaus Lixo Zero, disse ele, tem procurado, através da disseminação de informações e realização de eventos, contribuir na criação de políticas públicas e de educação que fortaleçam a importância do tema.
Neste mês de maio, por exemplo, será realizado o 3º Encontro Municipal Lixo Zero. Organizado pelo coletivo Manaus Lixo Zero, o evento reúne especialistas da área de gestão de resíduos, representantes do setor público, privado, sociedade civil e organizações não governamentais. O objetivo principal é discutir soluções para a problemática do gerenciamento dos resíduos.
O coletivo também atua diariamente nas redes sociais (Instagram e Facebook) disseminando informações para que a população cada vez se conscientize mais sobre o tema.
Ainda como parte dessa ação de orientação foi lançado em 2020 o site/aplicativo Manaus Lixo Zero (https://www.manauslixozero.