MUNDO- Diversos são os tesouros culturais de países colonizados que estão espalhados pela Europa, seja em museus ou até mesmo aos cuidados de colecionadores. O Brasil não é diferente. No entanto, um artefato sagrado voltou para casa, 300 anos depois: um manto dos Tupinambá.
Mais de 300 anos depois, Dinamarca devolve ao Brasil um de seus tesouros sagrados mais cobiçados
O artefato tupinambá foi roubado há mais de três séculos.
Diversos são os tesouros culturais de países colonizados que estão espalhados pela Europa, seja em museus ou até mesmo aos cuidados de colecionadores. O Brasil não é diferente. No entanto, um artefato sagrado voltou para casa, 300 anos depois: um manto dos Tupinambá.
Após estudar milhões de pessoas por 20 anos, cientistas acreditam que “ser único” não é mais tão importante assim.
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A vestimenta cerimonial feita de quatro mil penas de araras vermelhas e que mede pouco menos de um metro e oitenta é um elemento-chave na cultura Tupinambá pois tinha significado ritualístico e simbólico relacionado às hierarquias sociais e ao poder dentro da tribo, muitas vezes usada como roupa cerimonial pelos povos indígenas costeiros.
Porém, o artefato foi levado do povo Tupinambá durante o período colonial português em uma expedição ao Brasil. Por meio de saques e comércio, os dinamarqueses se apropriaram de muitos objetos indígenas durante a exploração do “Novo Mundo”, e o manto foi um dos mais notáveis pela sua beleza e raridade.
Diversos são os tesouros culturais de países colonizados que estão espalhados pela Europa, seja em museus ou até mesmo aos cuidados de colecionadores. O Brasil não é diferente. No entanto, um artefato sagrado voltou para casa, 300 anos depois: um manto dos Tupinambá.
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Porém, o artefato foi levado do povo Tupinambá durante o período colonial português em uma expedição ao Brasil. Por meio de saques e comércio, os dinamarqueses se apropriaram de muitos objetos indígenas durante a exploração do “Novo Mundo”, e o manto foi um dos mais notáveis pela sua beleza e raridade.
O artefato na Europa. Após o roubo, a manta foi levada para o velho continente como parte da coleção de Frederico III em 1689, embora posteriormente tenha passado por diversas coleções de museus reais na Dinamarca, sendo o Museu Nacional da Dinamarca em Copenhague o último portador de um dos poucos mantos tupinambá que sobreviveram ao tempo.
Sua preservação é um testemunho das interações coloniais e do “intercâmbio” cultural entre a Europa e as Américas, embora, claro, ao longo do tempo também simbolize a exploração e a pilhagem do patrimônio cultural indígena. Por esses e outros motivos, é um objeto valioso de estudo por seu desenho intrincado e sua ligação com as tradições perdidas dos Tupinambá.
O retorno. É assim que chegamos a 2024. Depois de mais de 300 anos no exílio, o artefato retornou à sua origem. Após o anúncio de devolução feito pela Dinamarca, em julho, o manto foi oficialmente apresentado em cerimônia no Rio de Janeiro com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lá, um grupo de duzentos Tupinambá acampou ao lado de fora do prédio, com tambores e todas as honras para ver o precioso manto e se reconectar com suas antigas tradições. Em discurso no evento, Maria Yakuy Tupinambá, anciã da comunidade dos Tupinambá de Olivença, ativista e pensadora indígena, disse: “Senti tristeza e alegria. Uma mistura entre nascimento e morte. Os nossos antepassados dizem que quando [os europeus] nos tiraram o dinheiro, o nosso povo ficou sem rumo.”
A importância do artefato. O retorno do manto ao Brasil repercutiu em todo o mundo. Como explicou Amy Buono, professora associada de história da arte na Universidade Chapman, ao The Guardian, “essas capas provavelmente funcionavam como peles sobrenaturais, transferindo força vital de um organismo vivo para outro. As mantas Tupinambá eram um dos objetos mais procurados no início do século XVI. Várias foram usados pelos cortesãos durante uma procissão em 1599 na corte do Duque de Württemberg, em Stuttgart.”