POLÍTICA- A recente decisão da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que estabelece o limite de 40 gramas de maconha para diferenciar usuários de traficantes, marca um passo significativo na política de drogas no Brasil. Essa decisão, divulgada na quarta-feira (21), implementa a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, uma medida que reflete a evolução do entendimento jurídico e social sobre o tema.
Em junho deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) havia descriminalizado o porte de drogas em geral, sinalizando uma mudança crucial na abordagem punitiva adotada no país. Embora o STF tenha mantido o porte de drogas como um ato ilícito, as penalidades passaram a ser de caráter administrativo, em vez de criminal, provocando debates intensos sobre os impactos dessa decisão na segurança pública e na saúde.
O STJ, ao julgar o caso de um homem processado por portar 23 gramas de maconha, decidiu extinguir sua punibilidade, ressaltando a necessidade de alinhar as práticas judiciárias com a nova diretriz estabelecida pelo STF. Esse julgamento, mais do que um simples ajuste legal, levanta questões sobre a eficácia das políticas de combate às drogas e a necessidade de reformular o sistema de justiça criminal no Brasil.
A decisão, que será agora aplicada em todo o território nacional, encaminha o processo de descriminalização para uma fase em que a Justiça deverá focar em medidas administrativas, como advertências e cursos educativos, em vez de sanções penais. No entanto, é importante ressaltar que o porte de maconha para uso pessoal continua sendo considerado um comportamento ilícito, e fumar a droga em locais públicos permanece proibido.
O julgamento do Artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) pelo STF, que manteve a validade das penas alternativas, agora transformadas em medidas administrativas, evidencia a complexidade da questão. Se, por um lado, a decisão pode ser vista como uma resposta à necessidade de reduzir a superlotação carcerária e o estigma associado ao uso de drogas, por outro, levanta preocupações sobre a mensagem que o Estado está transmitindo à sociedade.
A decisão do STJ não apenas reflete uma mudança no tratamento dos usuários de drogas, mas também insere o debate sobre a descriminalização e legalização das drogas no centro das discussões políticas do país. Como essa medida será implementada e seus efeitos práticos serão observados de perto por todos os setores da sociedade, especialmente em um momento em que o Brasil busca respostas eficazes para questões de saúde pública e segurança.