SAÚDE-A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou recentemente a autorização do uso da tirzepatida (comercializada sob o nome Mounjaro) para o tratamento do diabete tipo 2.
Essa medicação injetável de uso semanal era amplamente aguardada tanto por médicos quanto por pacientes, especialmente após estudos divulgarem resultados promissores no combate da glicemia e na redução do peso corporal.
O medicamento, desenvolvido pela empresa farmacêutica Eli Lilly, representa uma inovação ao pertencer a uma nova classe terapêutica que imita a função de dois hormônios naturalmente produzidos pelo corpo, o GLP-1 e o GIP.
Essa ação estimula a liberação de insulina pelo pâncreas, retarda o esvaziamento do estômago e aumenta a sensação de saciedade, contribuindo assim para o equilíbrio dos níveis de açúcar no sangue e promovendo a perda de peso, um fator que também beneficia o controle do diabete.
Durante o estudo clínico para a produção medicamentosa, mais da metade dos participantes alcançou níveis normais de hemoglobina glicada após usar a tirzepatida, e eles também perderam, em média, o dobro de peso em comparação com aqueles que usaram semaglutida.
Adicionalmente, os pacientes apresentaram uma média de perda de peso de 12,4 kg, o dobro do que foi observado naqueles que utilizaram a semaglutida, com a qual a tirzepatida foi comparada.
“Além de ser a medicação com maior potência glicêmica já aprovada até hoje, ela conseguiu fazer com que indivíduos com diabete tivessem, na média, um controle glicêmico semelhante ao de pessoas sem diabete”, diz o endocrinologista Bruno Halpern, do Hospital das Clínicas de São Paulo e um dos pesquisadores envolvidos nos ensaios clínicos com a tirzepatida.
O processo
A autorização, concedida pela Anvisa, baseou-se em uma compilação de dez estudos que abrangeram mais de 19 mil indivíduos com diabete tipo 2 em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. No país, 1.500 voluntários contribuíram para essa pesquisa, que envolveu mais de 50 pesquisadores e 65 instituições médicas.
Ponto de vista da medicina
Médicos e especialistas consideram que o medicamento representa um marco no tratamento da doença, a qual afeta uma população de mais de 15 milhões de brasileiros.
“Estamos falando de um medicamento que possibilita ao paciente atingir metas glicêmicas semelhantes às de uma pessoa sem diabete, e que ajuda a controlar o peso quando aliado a dieta e exercício. Com isso, a melhora na qualidade de vida é excepcional”, enfatizou a endocrinologista Denise Franco, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (Sbem/SP), que atuou diretamente nos ensaios clínicos.
Após a aprovação da Anvisa, o preço do Mounjaro será determinado pelo governo, e a data de início das vendas nas farmácias ainda não foi confirmada. Por enquanto, é importante destacar que a aprovação no país não abrange exclusivamente o uso com o propósito de emagrecimento.