POLÍTICA- Já sabendo que serão chamados à CPI das ONGs na Amazônia e com receio das diligências que os senadores membros da Comissão farão em São Gabriel da Cachoeira, o Instituto Socioambiental (ISA) e a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) planejam cartas de repúdio e organização reuniões contrárias à CPI que investiga a atuação dessas entidades, manipulando indígenas do Alto Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira, região de maior domínio e tutela dessas organizações não governamentais. Desde junho, a comissão de investigação do Senado, presidida pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), já revelou a falta de transparência do trabalho de ONGs, exploração de indígenas e que os recursos que elas recebem não são aplicados nas comunidades.
“Isso já era mais do que esperado e não é novidade nenhuma, só revela como essas organizações atuam há anos na região, manipulando e tutelando indígenas. Com receio da CPI e da reunião que faremos no município de São Gabriel da Cachoeira, eles já se organizam para forjar essas cartas de repúdio. Vimos na CPI e o Brasil já tomou conhecimento: as comunidades indígenas não querem a presença dessas ONGs, querem trabalho, independência e dignidade”, destacou o senador Plínio Valério.
A denúncia chegou à CPI por indígenas do distrito de Pari Cachoeira. Segundo os relatos, a Foirn está realizando encontros nas comunidades, planejando coleta de assinaturas em escolas com estudantes indígenas “assinando sem nem saber o que é”. A reunião, que está prevista para ser realizada no dia 18 de agosto, estaria sendo organizada pelos professores Anacleto Pimentel Gonçalves e Júnior Natalino Costa Gentil. “Eles sempre usam os alunos para fazer esse tipo de carta de repúdio”, disse. Também há relatos de que a coordenação do Distrito Sanitário Indígena (Dsei) da região estaria ameaçando indígenas que resolveram denunciar a atuação dessas organizações, expondo suas mazelas e necessidades. Há denúncias que a merenda escolar está sendo ameaçada para que consigam as assinaturas.
Os relatos que chegaram à CPI contam que esses movimentos estão “desesperados” percorrendo as comunidades dos distritos do Alto Rio Negro e seus afluentes. De acordo com lideranças indígenas, essa mobilização será realizada ao redor da escola local, incluindo crianças, familiares e outros membros que não estão familiarizados com os meandros da lei, com o objetivo de coletar assinaturas para uma petição contra a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs. A estratégia mostra como essas organizações funcionam, usando indígenas para interesses próprios.
“A diretoria da Foirn está tão desesperada que está planejando 24 horas. No dia 18 de agosto, eles vão usar a escola com todos os inocentes e parentes que não entendem o que é a lei, fazendo deles eleitores e coletando assinaturas de estudantes da escola indígena para usá-los contra a CPI das ONGs e estão mentindo muito aqui. Isso deve ser desmascarado e fiscalizado. Estamos sendo muito usados pelo ISA e Foirn”, afirmou uma liderança.