POLÍTICA- Em um dos depoimentos mais elucidativos da CPI das ONGs, hoje, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Aldo Rebelo, ex- ministro da Defesa; da Ciência, Tecnologia e Inovação; do Esporte; e da Coordenação Política e Assuntos Institucionais nos governos do PT, disse que no bioma Amazônia convivem três Estados paralelos : um estado oficial, o do crime organizado e o das organizações não governamentais, esse último o mais forte, por que governa o território, de fato, com o aval de órgãos oficiais do Estado.
Entre os requerimentos aprovados hoje está o de convocação da presidente do Conselho Diretor do Instituto Socioambiental (ISA), Déborah de Magalhães Lins , do presidente da Natura, João Paulo Brotto e do presidente da Fundação Amazônia Sustentável, Benjamin Sicsú. Além desse, está o que pede à Polícia Federal a disponibilização de um delegado federal para dar apoio técnico investigativo à CPI.
Presidente da CPI, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) , ao final do depoimento de Aldo Rebelo, disse que a esperança do colegiado, é deixar como legado, a mudança na legislação para regular a atuação dessas organizações no País.
_ Nossa esperança é apresentar projetos que se tornem leis que mudem essa situação na Amazônia. Quando eu trouxe o BNDES aqui para explicar a destinação de quase todos os recursos do Fundo Amazônia para ONGs, ficou claro que aquilo é uma luva que se encaixa na mão das ONGs. Aquele dinheiro que a Noruega dá , já vem determinado para quem vai , para ONG A , ONG B. Então temos que abrir esse leque _ disse Plínio.
Profundo conhecedor da Amazônia , região que estuda e conhece há 40 anos, como deputado e ministro da Defesa e Assuntos Estratégicos, Aldo disse que o primeiro estado seria o oficial, com agências e órgãos anêmico, débil e deficitário em tudo. O segundo estado que comanda a Amazônia é o do crime organizado e o narcotráfico que se disseminou pela região dominando rios como vias de acesso para o tráfico nacional e internacional e ampliando o seu poder social e econômico. Com a perseguição do Ministério Público, Força Nacional, Ibama e Funais a pequenos produtores rurais, os jovens estão indo para as facções do narcotráfico.
_ Há cidades em que o prefeito já não é mais o maior empregador. Perdeu para narcotráfico. Há cidades em que toda a semana temos notícias de jovens trucidados nas chacinas _ explicou Aldo.
Esses dois estados mais fracos, o oficial e do narcotráfico, estariam subordinados ao domínio das ONGs abastecidas com dinheiro de países europeus por interesses nas riquezas da Amazônia.
_ O mais importante, o mais forte, o mais dominador, é o Estado paralelo das ONGs, governando a Amazônia de fato com auxílio do Estado formal brasileiro, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, do Ibama, da Funai, desse ministério que criaram agora dos povos indígenas _ disse Aldo.
Aldo disse ser uma vergonha o Ministério Público estar a serviço das ONGs impedindo projetos de infraestrutura e de desenvolvimento da Amazônia e protegendo interesses de outros países na Amazônia. Segundo Aldo, não é pelo meio ambiente que as poderosíssimas ONGs atuam na Amazônia e estão trazendo a realização da Conferência do Clima em 2025 para Belém do Pará.
_ Essas ONGs são apenas um instrumento, os interesses que elas representam estão lá fora. Se alguém perguntar se isso não é teoria da conspiração, a história da Amazônia é de conspiração, a Amazônia é cobiçada antes de ser conhecida . Você achar que 14% do território nacional esta imobilizado em áreas indígenas, as áreas mais produtivas, mais ricas em minério do País, isso é por acaso? Não, isso é planejado, profundamente planejado _ disse Aldo.
O ex-ministro relatou que quando o fundador da ONG Instituto Sócio Ambiental (ISA), Márcio Santilli, presidiu a Funai, ele esvaziou o órgão e transferiu para a ONG as atribuições do Estado. A partir de então o ISA passou a dominar a região do Alto Rio Negro, mapeando e controlando tudo através de organizações menores espalhadas pelo território mais rico do Planeta.