Com a apuração de 100% das urnas e a definição da composição do Congresso Nacional, já é possível dizer que, independentemente do candidato ao Palácio do Planalto vencedor em segundo turno, o eleito terá um enorme desafio pela frente para construir bases de apoio e aprovar matérias de seu interesse em um Legislativo polarizado.
Assim como durante toda campanha presidencial até o primeiro turno, ocorrido no domingo (2/10), as disputas pelas 540 vagas do Legislativo (513 na Câmara e 27 no Senado) também foram contaminadas pela polarização registrada no pleito presidencial e protagonizada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Os resultados colocam Bolsonaro à frente na disputa contra Lula pelo apoio do Legislativo. Entre deputados eleitos, há 187 candidatos aliados ao atual mandatário do país. Já entre senadores, 24 dos 81 parlamentares podem ser considerados correligionários do atual presidente.
Apesar do bom desempenho dos bolsonaristas na disputa, Lula também tem motivos para comemorar. Afinal, o PT registrou um crescimento importante em comparação à bancada atual, especialmente na Câmara, ao eleger 68 deputados petistas. Esses parlamentares se juntarão aos 12 eleitos pelos partidos da coligação que o apoiam à Presidência (são eles: PV, PT, PCdoB, Solidariedade, PSol, Rede, PSB, Agir, Avant e Pros), totalizando 80 congressistas.
Se garantir a vitória no próximo pleito, Lula terá 122 deputados aliados em seu governo. No âmbito do Senado, a bancada petista também cresceu: passará a contar com nove senadores, somando, desta forma, 12 apoiadores na Casa Alta do Congresso.
Avanço do bolsonarismo
De acordo com a avaliação do professor de políticas públicas Eduardo Galvão, o desenho do novo cenário no Congresso Nacional mostra avanço da direita e encolhimento dos partidos de centro e esquerda.
“Nestas eleições, muitos senadores e deputados também de direita foram eleitos. Então, nós vemos que tanto o centro quanto a esquerda diminuíram. Mas a direita cresceu muito agora. É um Congresso que chega com mais parlamentares de direita e com esse espectro ideológico mais poderoso do que anos anteriores. Independentemente de quem for eleito presidente, vai ter que ter muita negociação com esse novo perfil de Congresso nos próximos anos”, pontua.
Segundo Galvão, isso também abre margem para a votação, antes congelada, e até mesmo aprovação de pautas conservadoras e que beneficiem o atual presidente, Jair Bolsonaro, caso ele seja reeleito: “Todo esse novo desenho vai se refletir na aprovação de pautas nos próximos quatro anos. Podemos citar que, agora, terá grande espaço para avanços de pautas conservadoras, pró-direita e até mesmo algumas pró-Bolsonaro. Não só da própria direita, mas sim do bolsonarismo”.
André Cesar, analista político, também prevê o avanço do bolsonarismo no Congresso com as novas bancadas eleitas. De acordo com o especialista, porém, o partido do PT, de Lula, poderá trazer equilíbrio às pautas conservadoras e às possíveis discussões do Congresso, caso o candidato seja eleito em segundo turno.
“A nova Câmara dos Deputados e o novo desenho do Senado Federal tendem a constituir uma ala mais conservadora, de direita e de aliados do atual presidente. Então, caso o ex-presidente Lula seja eleito, ele terá de negociar e conversar com essa ala de bolsonaristas. Apesar de o PL de Bolsonaro estar grande, o PT também chega ali como a segunda maior bancada, o que poderá equilibrar as discussões”, avalia.
Mudança nas bancadas
Na Câmara dos Deputados, o PL larga na frente, e Bolsonaro contará com o apoio de, pelo menos, 187 deputados na próxima legislatura. Lula, por sua vez, conseguiu construir uma base de apoio que contempla 122 parlamentares. Os outros 204 eleitos são independentes.
Enquanto no Senado Federal, em 2023, será composto por 45 senadores considerados independentes, além de 24 parlamentares que apoiam o presidente Jair Bolsonaro e outros 12 aliados ao ex-presidente petista.
*Com informações do ‘Metrópoles’
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