Quais as cores que os cachorros enxergam? Os cachorros enxergam o mundo de maneira um pouco diferente. Eles não conseguem discernir todas as cores do espectro solar visível para nós e também possuem sentidos muito mais apurados, como a audição e o olfato.
A visão humana é o nosso principal instrumento sensorial. Há centenas de milhares de anos, os nossos ancestrais realinharam a coluna vertebral, passaram a caminhar eretos e, então, divisaram o horizonte, a dezenas de quilômetros de distância.
Os cachorros também evoluíram, mas se mantiveram quadrúpedes, com os olhos voltados para baixo na maior parte do tempo. Por isso, a visão, apesar de ser muito importante, é menos decisiva do que o faro, a audição e até mesmo o paladar.
A percepção canina das cores
De qualquer maneira, os cachorros não enxergam o mundo apenas em preto e branco. Eles identificam algumas cores, mas as extremidades do espectro – o vermelho e o violeta – são indistinguíveis para eles. Aquela atraente bola vermelha (para nós) não tem graça para os peludos.
Da mesma forma, as roupinhas rosa e lilás cuidadosamente escolhidas pelos tutores para as cachorras – especialmente as de pequeno porte – são vistas apenas como uma variação monótona de tons de cinza.
Faça-se a luz
O Sol fornece ininterruptamente luz e calor para todo o Sistema Solar. Aqui na Terra, é difícil conceber a vida sem a presença desses dois componentes. A percepção da luz é quase universal no domínio da vida:
- as plantas, base da alimentação, usam a luz através da fotossíntese para se desenvolver;
- os animais usam a luz para identificar as presas e fugir dos predadores.
Alguns estudiosos afirmam que, ao lado do aumento do volume craniano e da liberação das mãos (no processo de locomoção), foi o desenvolvimento da visão estereoscópica que permitiu ao Homo sapiens evoluir tanto.
O olho dos animais tornou-se um instrumento importante para a vida de relação. A forma é mantida pela esclera, uma camada externa dura cuja parte frontal é a córnea. A segunda camada é o coroide, composto de duas partes:
- corpo ciliar – é uma região muscular conectada ao cristalino. O corpo ciliar se contrai ou relaxa, controlando o tamanho do cristalino quando é necessário ajustar o foco;
- a íris – é formada por dois músculos: o dilatador, que torna a íris menor (consequentemente, a pupila fica maior, garantindo maior entrada de luz no olho) e o esfíncter, que torna a íris maior.
A camada mais interna do olho é a retina. É a porção do órgão que percebe a luz. A retina contém dois tipos especiais de células:
- bastonetes – responsáveis pela visão em condições de pouca iluminação;
- cones – responsáveis pela identificação das cores e dos detalhes dos objetos visualizados.
No olho dos cachorros, o número de bastonetes é maior do que o de cones. Por isso, eles captam melhor as variações da luminosidade. Os peludos não conseguem identificar todas as cores e tons.
O olho humano possui três tipos de cones, que percebem as cores primárias (vermelho, verde e azul: é o padrão RGB – red, green, blue – das telas de TV e monitores). É a partir da combinação delas que enxergamos todo o espectro solar, do vermelho ao violeta.
Já os cachorros apresentam dificuldade para diferenciar os extremos (vermelho e laranja de um lado, índigo e violeta do outro), sendo mais sensíveis ao centro do espectro, onde estão o amarelo e o azul.
A importância da visão
Isto não significa que a visão canina não seja importante. Apesar de limitada e um pouco embaçada, é através dos olhos que os cachorros se desviam de obstáculos, interagem e brincam com os tutores (e outros pets). Mesmo conseguindo se adaptar com facilidade às deficiências visuais, a visão é fundamental para a saúde e à qualidade de vida.
De qualquer forma, a visão dos peludos é reduzida. Além de não enxergarem algumas cores e tonalidades, os cachorros só conseguem fixar objetos e seres com nitidez em distâncias de até seis metros.
A partir daí, tudo vai ficando chapado, perdendo a perspectiva. Em comparação à visão humana, que alcança até 22 metros, é uma redução considerável. Além disso, nós utilizamos outros sentidos para “entender a cena”: mesmo enxergando o horizonte cada vez menos definido, a partir de algumas comparações, nós sabemos que os montes não tocam as nuvens, por exemplo.
Essas comparações são automáticas: o olho capta as imagens e o cérebro as processa, unindo informações armazenadas no córtex cerebral, região responsável pela memória. Por isso, podemos simular a perspectiva.
Acontece a mesma coisa em uma pintura, que tem apenas duas dimensões (altura e largura), mas nós simulamos a profundidade – a terceira dimensão – e “conseguimos ver além”, apesar de o quadro estar encostado na parede.
Mas, se os olhos dos cachorros são dotados de um número menor de cones, eles são equipados com muitos bastonetes. A suposição de que “os cães enxergam no escuro” não está muito longe da realidade.
Por causa dos muitos bastonetes, os cães são capazes de discernir diversas sombras e formas em condições de pouca luz. Vale lembrar que os nossos peludos, antes da domesticação, precisavam caçar para comer e enxergar no escuro passou a ser uma excelente vantagem competitiva.
De qualquer forma, eles continuam precisando de alguma fonte de luz – os lobos não saem para caçar nas noites de Lua Nova. Mas, naquela sala escura, em que não enxergamos praticamente nada, eles conseguem circular sem se chocar com nenhum móvel, porque existe alguma iluminação entrando pela fresta da janela ou da porta.
Outro aliado da visão canina é a excelente visão periférica. Os olhos dos cachorros são posicionados nas laterais da face (os humanos são mais centralizados). Isto permite uma amplitude muito maior: o campo de visão chega a atingir algumas regiões às costas dos peludos.
Por causa das pupilas relativamente maiores, os cães conseguem enxergar muito bem o que está exatamente à sua frente, mesmo a grandes distâncias. Eles conseguem ver a 600 metros, mesmo que as imagens sejam borradas.
De qualquer forma, há diferenças na visão canina de acordo com as raças. Os cães pastores e boiadeiros possuem um campo de visão muito mais amplo do que um pug ou buldogue, por causa dos olhos esbugalhados presentes nas raças braquicefálicas (que têm o focinho achatado).
Se compararmos com a visão de um adulto com olhos saudáveis, é possível dizer que os cães são míopes. A partir de alguma distância, tudo fica borrado – eles não teriam nenhum interesse em assistir um filme no cinema, por exemplo.
Isto, no entanto, não é motivo de preocupação. Mesmo discernindo menos cores e enxergando em menores distâncias, os cachorros conseguem compensar com um faro e audição realmente poderosos.
Considerando todo o conjunto sensorial, a visão canina não é melhor nem pior do que a humana: ela é apenas diferente. Cada espécie adaptou os sentidos de acordo com os desafios propostos pela natureza.
É possível que, nos próximos milênios, se a civilização for preservada e a convivência for mantida, os olhos dos cães acabem se transformando e atingindo uma visão próxima à humana – no que diz respeito às distâncias, mas não às cores.
*Com informações do ‘Cães On Line’
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