O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) iniciou, na sexta-feira (12), a programação das comemorações do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, com uma live sobre os desafios e exemplos de superação de mulheres cientistas em atuação na Amazônia. Intitulada “Mulheres e Meninas na Ciência no Contexto Amazônico”, a live reuniu pesquisadoras e estudantes das áreas de Ciências Exatas, Sociais, Humanas e Biológicas, que fizeram relatos pessoais sobre suas trajetórias visando estimular o interesse de mulheres e meninas pela Ciência.
Mediada pela médica sanitarista, Adele Schwartz Benzaken, diretora do ILMD/ Fiocruz Amazônia, a programação contou com apresentações das pesquisadoras Rosângela Aparecida Hilário, professora da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e, membro do comitê executivo, da Rede Brasileira Mulheres Cientistas (RBMC); Fabíola Nakamura, pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e coordenadora do Projeto Cunhantã Digital; Priscila Aquino, coordenadora do Programa de Iniciação Científica (PIC/ ILMD Fiocruz Amazônia); e Cláudia Patrícia Araújo Crainey, aluna de Pós-Graduação da instituição.
“Gostaríamos de agradecer a resposta tão positiva desse grupo de mulheres e, dizer que esse é apenas um dos eventos programados para o ano de 2022. Esse movimento tem o objetivo de fortalecer o compromisso global de igualdade de diretos, entre homens e mulheres, principalmente do ponto de vista da educação e da ciência. Precisamos de mais mentes femininas na ciência, para que haja pluralidade de ideias”, destacou Adele Benzaken.
Durante a Live, a diretora lembrou também que, apesar de serem maioria tanto entre os colaboradores quanto os alunos matriculados nos programas de pós-graduação, as mulheres ainda têm um longo caminho a trilhar quando o assunto são os cargos de chefia. O ILMD/Fiocruz Amazônia possui atualmente um contingente feminino de 64% de mulheres, entre pesquisadores, bolsistas, terceirizados, prestadores de serviços, todas engajadas na força de trabalho do ILMD. No universo de alunos matriculados nos cursos de pós-gradução, esse percentual aumenta para 72% de mulheres.
Na oportunidade, Rosângela Hilário falou sobre os desafios encontrados por mulheres pretas e nortistas no ambiente acadêmico, desde a base escolar. “Ser uma mulher preta e do Norte na produção científica é um desafio muito grande. A vida de uma menina preta e pobre é marcada por esse lugar de onde existimos. A escola para nós, é mais uma tarefa, pois desde pequena somos educadas para cuidar dos outros, cuidar da casa, dos irmãos enquanto a mãe está fora. Isso faz com que nós sejamos cobradas na escola, a partir de um espaço que nós não temos para estudar”.
Entre as convidadas, Fabíola Nakamura, falou sobre as ações do Projeto Cunhantã Digital, que visa estimular o aumento do quantitativo feminino na área das ciências exatas, com foco em tecnologia e computação. “A área de tecnologia está com uma demanda cada vez mais crescente e, nós precisamos de mais diversidade nessa área. Se a gente quer fazer tecnologia para todos, precisamos de pessoas diferentes no desenvolvimento, não só como usuários de tecnologia”, explicou.
O projeto também visa fomentar o debate de gênero na academia e no mercado de trabalho tecnológico, contribuindo para a formação de profissionais mais engajadas tanto em busca da emancipação individual de cada mulher, quanto da consciência coletiva necessária à superação de preconceitos e tabus, desmistificando a visão tradicional de que as áreas tecnológicas são masculinas.
INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Priscila Aquino, coordenadora do Programa de Iniciação Científica (PIC/ ILMD Fiocruz Amazônia), falou sobre a importância do incentivo à participação feminina no universo acadêmico e, destacou a crescente adesão de jovens pesquisadoras ao programa de iniciação científica, que em sua atual edição (2021-2022), conta com a participação de 32 mulheres e 11 homens.
“Cada vez mais há necessidade de termos mais mulheres e meninas inseridas na ciência. Isso passa por todo um estímulo, desde a educação básica. É importante que tenhamos mais políticas e ações de incentivo. Hoje, a gente vê um aumento no número de mulheres, bem como nos números de orientadoras, no programa de iniciação científica. Eventos como o de hoje, são oportunidades para a promoção do acesso à ciência, bem como para o tratamento igualitário e para a participação de mulheres e meninas na área”, pontuou.
Egressa do Programa de Iniciação Científica (PIC), do Curso de Mestrado em Biologia da Interação Patógeno Hospedeiro (PPGBIO-Interação) e, atual doutoranda da Fiocruz Amazônia, Cláudia Patrícia Araújo Crainey, contou sua trajetória científica na Instituição, pontuando diversas etapas do processo acadêmico, aos quais teve de conciliar com a gravidez e nascimento do filho. Claudia destacou a importância do apoio recebido por outras pesquisadoras. “A ciência assim como a maternidade precisa de doação. Para fazer ciência a gente precisa de mulheres que apoiam outras mulheres”, enfatizou.
MOBILIZAÇÃO NAS REDES
A Fiocruz Amazônia, iniciou hoje, 11/2, em suas redes sociais, uma série de Posts, apresentando a biografia de pesquisadoras na Amazônia. A campanha tem como primeira homenageada, a pioneira Maria José von Paumgartten Deane, cientista brasileira, natural do estado do Pará, que junto ao marido (Leônidas), deu nome à unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Amazonas. A ação se estenderá até o dia 8/3, Dia internacional da Mulher.
INCENTIVO
A diretora do ILMD/ Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken, participou na manhã desta sexta-feira, 11/2, do lançamento da Programação do Movimento Mulheres e Meninas na Ciência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O lançamento é parte da programação da instituição, que anunciou editais inéditos destinados às cientistas mulheres do Amazonas para este ano.
A ação que marca o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado hoje, destina mais de R$4.567.200,00 para projetos de pesquisa a serem desenvolvidos por pesquisadoras do estado. Quarenta e um projetos serão apoiados por meio do Programa Mulheres das Águas/Fapeam que irá atender, exclusivamente, projetos de pesquisa aplicada, inovação ou de transferência tecnológica, coordenados por pesquisadoras no interior, e do Programa Kunhã- CT&I no Amazonas, que contempla propostas de todo o estado, e apoiará pesquisas, que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado.
As inscrições para os dois editais estão abertas, por meio do site www.fapeam.am.gov.br.