MUNDO- O longa-metragem Ainda Estou Aqui fez história na 97ª edição do Oscar, realizada neste domingo, 2, e conquistou a primeira estatueta da história do Brasil na premiação. O filme protagonizado por Fernanda Torres venceu na categoria Melhor Filme Internacional e bateu indicados como Emilia Pérez, obra que acumulava 13 indicações –maior número deste ano–, Garota da Agulha (Dinamarca), A Semana do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia).
A disputa na categoria não era inédita para o Brasil. O diretor Walter Salles, inclusive, já viveu a expectativa pela consagração com Central do Brasil, em 1999, que acabou derrotado por A Vida é Bela. Desta vez, fãs do filme se mobilizaram de forma intensa para contribuir com a campanha do longa desde o final do ano passado, quando aumentaram os rumores de que a obra tinha chance de estar entre os concorrentes.
Ao longo da história, o Brasil teve 22 nomeações com 16 filmes diferentes. Ainda Estou Aqui foi o primeiro a conseguir emplacar três indicações entre as categorias principais. Além de Melhor Filme Internacional, o longa ainda espera o resultado de Melhor Filme e de Melhor Atriz com Fernanda Torres entre as indicadas.
No geral, Cidade de Deus (2004), de Fernando Meirelles, é o filme brasileiro com o maior número de indicações –Melhor Edição, Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia
Desde o anúncio dos indicados em 23 de janeiro, o clima de torcida de Copa do Mundo tomou conta do País. Isso contribuiu, inclusive, para impulsionar o sucesso da obra, que já levou mais de 5 milhões de espectadores às salas de cinema brasileiros, um número alcançado por poucos filmes nacionais até aqui. Com mais de R$ 159 milhões arrecadados até aqui internacionalmente, o longa já bateu os R$ 20 milhões em bilheteria em salas de cinema só nos Estados Unidos.
Ainda Estou Aqui é uma adaptação de um livro biográfico homônimo de Marcelo Rubens Paiva e traz Fernanda Torrescomo Eunice Paiva, advogada e ativista de Direitos Humanos. O drama retrata a história real da família Paiva no início da década de 1970, durante a ditadura militar brasileira, quando Eunice, mãe de cinco filhos com o engenheiro civil e deputado Rubens Paiva, tenta descobrir o paradeiro do marido, após ele ser levado de casa por militares em janeiro de 1971.
Além de Fernanda Torres, o longa traz no elenco os atores Selton Mello, Fernanda Montenegro, Valentina Herszage, Marjorie Estiano, Humberto Carrão, Maeve Jinkings, Daniel Dantas, Dan Stulbach, entre outros. O roteiro é de Murilo Hauser e Heitor Lorega, baseado na obra de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva. A produção é de Maria Carlota Bruno, Rodrigo Teixeira e Martine de Clermont-Tonnerre.
Ainda Estou Aqui foi um sucesso desde o primeiro momento. Nas redes sociais e na imprensa, fãs apaixonados geraram um movimento orgânico para impulsionar a performance do filme tanto nas bilheterias quanto nas premiações, culminando em vitórias no Globo de Ouro, no Prêmio Goya — o mais importante da Espanha –, a premiação de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, onde foi aplaudido durante 10 minutos, Até o Oscar, o longa já tinha conquistado 38 prêmios –maior número da história de uma obra brasileira.