NEWS- Pesquisadores encontraram no Ceará o fóssil de formiga mais antigo já identificado. O inseto tem 113 milhões de anos e pertence ao grupo extinto Haidomyrmecinae, conhecido como “formigas do inferno”. Pela primeira vez, esse tipo de formiga apareceu em rocha calcária, e não em âmbar.
Cientistas do Museu de Zoologia da USP fizeram a descoberta. O estudo saiu na revista Current Biology na última quinta-feira (24).
Eles batizaram a nova espécie de Vulcanidris cratensis. O fóssil veio da Formação Crato, no Araripe, famosa por fósseis do período Cretáceo.
Antes disso, os fósseis mais antigos de formigas vinham da França e de Myanmar, com até 100 milhões de anos. O novo achado empurrou essa marca para trás em 13 milhões de anos.
Quais os detalhes sobre esse fóssil de formiga?
Os pesquisadores usaram microtomografia para analisar o fóssil. Eles encontraram mandíbulas voltadas para cima e uma estrutura parecida com um espinho no rosto. Essas partes sugerem que a formiga usava técnicas de caça para prender ou perfurar suas presas, algo bem diferente das formigas modernas.
O achado também muda o que se sabia sobre a distribuição dessas formigas. Até então, fósseis da Haidomyrmecinae só tinham aparecido no hemisfério norte.

Agora, o fóssil brasileiro mostra que esse grupo já vivia também no hemisfério sul. Isso indica uma expansão global bem no início da história das formigas, durante o tempo em que os continentes ainda se conectavam.
Mesmo com aparência ameaçadora, essa formiga não dominava o ambiente. Insetos como vespas e baratas eram mais comuns. Ainda assim, o fóssil mostra que as primeiras formigas já ocupavam nichos variados, mesmo em climas secos e com estações marcadas, como o da Bacia do Araripe.
O Museu de Zoologia da USP abriga o fóssil. A FAPESP financiou o estudo e também apoiou os exames por tomografia.